quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Intrusa.


Quero invadir a sua vida
e arrastá-la para a minha.
Quero amanhecer com você
e te dar razões pra anoitecer comigo.
Espero estar junto à ti
de domingo à domingo.

Não te conheço o bastante,
mas quero participar do que cativas.
Quero que você me queira
como se eu fosse o amor da sua vida.
Não é comum, eu sei
querer tanto em tão pouco tempo.
Mas quem disse que há cálculo
nesse meu coração?

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Sobre mim


Sobre mim que sempre soube o que quis, agora não sei pra onde vou. As coisas que quero continuam aqui, latentes em meu peito. Só não sei onde terminam essas minhas vontades, quando essas meias verdades se inteiram. Por que sabe, eu tenho muito em meu peito e pouco nas mãos. Sonhos na mente e pés no chão.
 Sou uma ridícula antítese. Um mistério sem solução. Meus riscos não vingam, minha alma não quer ser como a multidão. Tenho achado estranho perceber tanto a cada curva. Por isso, tenho optado não apostar nesses sopros de ilusão. A dúvida que paira é estar perdendo tempo, prolongar minha solidão.

Coffee and thoughts.


"Enquanto encarava uma xícara fumegante de café numa mesa qualquer, o vapor esquentou-me tanto as vistas, à ponto de levar-me além dos meus habituais pensamentos. Mergulhei na memória e comparando os fatos dessa nossa história, percebi que somos personagens novos de um caso antigo.
Prescrevemos antes mesmo de ter nos conhecido. Não éramos homem e mulher, vivíamos como meninos. Jovens indecisos, embargados pela inexperiência. Não arriscamos, não cedemos, apenas nos mantemos prisioneiros dos olhares. Nossas almas expectam por entre íris, enquanto nossos corpos garantem distância segura.

domingo, 13 de outubro de 2013

Esse tal de destino.


Sabiá, ontem eu dormi pensando que esse mundo é mesmo louco. Dia vai, gente vem e disso tudo a gente entende pouco. Tudo muda o tempo todo e nessa história vou me perdendo junto. Com essa velha mania de querer entender tudo, tantas vezes me desiludi e insisti, pra depois parar aqui. Desse jeitinho mesmo: de alma madura e espírito ansioso. Querendo tudo, entendendo pouco.

Eis que outro dia cruzei com um velho conhecido. O reencontro recobrou-me a consciência do que senti e acabei deixando pra trás. E nesses dias que se passam, não paro de me perguntar: esse moço era pra ficar, sabiá?! Eu deveria mesmo ter tratado suas lembranças como uma parte que passara e não devia voltar?

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Salvador como eu vejo...


Eu confesso, esse texto começa com um fraquejo: Salvador, eu te cortejo! De um jeito meio... abusado. Meio expansivo e declarado. Te amo mesmo. E tanto amor, me faz querer falar-te que não és perfeito. Ainda que sejas santo, pois carrega um “São” em teu nome, sabes que comeu o pão que o diabo amassou. Maltrataram-te querido, exploraram-te até tirarem-lhe a cor. Teu povo até mesmo te renegou. Quem é Salvador? Ou seria melhor dizer quem foi São Salvador?

Direi do meu jeito meio encantado (o que não quer dizer alienado), como te enxergo no presente ou no passado. Até porque quem fostes, te faz ser também quem agora és.  

domingo, 18 de agosto de 2013

Versos Indesejados

Nem sempre o que se quer
É o que se tem
Nem sempre o que quero
É o que me convém
Geralmente desejo o que não alcanço
E logo me canso
Quando a resposta não vem.

Escrevo versos indesejados
Por que não quero seguir velhos rastros
Saber o fim de um jogo
Que nem comecei.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Esperando


Estou novamente naqueles períodos de transformações. Aqueles momentos em que talvez, racionalmente falando, movimentar-se seja a melhor opção. Só que entre a mente e o corpo existem uma série de espaços, se preenchendo e também se cansando. Se cansando tanto que parar torna-se mais recompensador.

Da guerra que há lá fora, minha mente e meus anseios, com quem eu fico? Passei de um ponto em que criar expectativas sobre as pessoas, já não me bastam. Por que a verdade, é que as expectativas são meras desculpas do cérebro pra transgredir o tempo entre a ideia e o ato. Descobri que elas existem para serem quebradas. Não criá-las parece uma tarefa desumana. Pensar que os fatos são o oposto do que queremos, ajuda a amenizar a frustração, mas não resolve o problema.

domingo, 28 de julho de 2013

Escondida


Depois de toda exaustão, recolher-se é sempre a melhor opção. Depois de muito sentir e não ter para onde fugir, ficar só e respirar é revigorar-se.  E nesse momento de introspecção pude observar de um binóculos tudo que me rodeia. Me senti mesmo distante de tudo o que vi.


Reconheci velhos sentimentos em outros personagens e vi também o quanto eles são pequenos. Vi sobretudo o descaso. Tudo aquilo que vive só e pouco se importa em que ponto eu entro ou me integro. Então renego. E esse tudo protesta por minha atenção, ironia não?! Sentimentalismos vãos quando você dá em troca a mesma indiferença que sente na pele. A vida é assim.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Esgotada

É o segundo dia em que gasto toda minha reserva de água. Tudo desceu ralo abaixo em intermináveis gotas. Pingos aparentemente óbvios mas talvez nem tanto. Começa fácil, termina com pensamentos difíceis de suportar. Pensei que podia resolver tudo. Não sabia que apostava tanto nas pessoas. Não percebi que dependia tanto delas.

Entrego meu coração de bandeja por uma boa amizade. Largo sorrisos fáceis para qualquer companheirismo sincero. Protejo como cria, quem ao meu lado estiver. Mas talvez, protegê-los seja mesmo a minha proteção. Talvez eu precise estar rodeada pra me sentir completa. Bom, assim eram com os outros dois. Aqueles que se foram ou ainda vão. Não sei ao certo, estou parada no meio...gotejando.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Free Horse

Algo em mim pulsa como os galopes de um cavalo livre. Algo que pula enquanto vejo  filmes de faroeste, que me faz voltar os anos e mantém meus olhos arregalados para não perder a cena. Uma coisa selvagem, que alguns chamariam herança dos “pele vermelha”. São totens, coquais, espere..uma tribo. Índios!

A inocência natural indígena, algo pelo qual me guio. “A justiça dos homens” é real? A justiça é mesmo JUSTA? Como igualar seres desiguais? Como perseguir tão friamente a razão, quando nossos passos são tão emocionais? A liberdade exige amor. O mundo exige TRIBO. União, amigos. Menos dedo no umbigo. Os brilhos nos olhos abaixo do cocar. A consciência que o mundo oferece tudo e que tirar mais dele, é ignorância. Pra que roubar quando se pode trocar?

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Multidão




Procuro incessantemente barulho porque estou farta de silêncio. Ele me inquieta, me recorda as minhas perdas, me faz inútil. Então deparo-me com a multidão à bradar superficialidades, construindo sonhos que cogitei no passado, vivendo coisas que eu quis, sendo bonecos ocos recriando uma realidade triste. Então, quero fugir.
Quero fugir desse meio...termo. Porque ficar nos radicalismos já não posso. Ficar só em mim é desesperador, temo não voltar sã depois da viagem. Viver no mundo, parece descartável demais para a minha embalagem. E então? Cuspir no povo e repudiar a sociedade? Estranhamente acredito no mundo, num novo começo de era, nas pessoas de verdade. Nesse instante, estou muito distante e nessas ocasiões costumo mergulhar na mediocridade. As manchas sociais me saltam mais, me fazem ir mais fundo, alimenta minha individualidade.


Epopeia do vácuo.




Dessa vez, não houve nada que eu me pus a pensar porque na verdade, tais pensamentos ainda não param de ecoar na minha mente. Venho refletindo sobre algumas certezas, sobre meu ponto de equilíbrio, do que é não tê-las. Reparei que eu apoiei minha alma em duas bases, duas fortes amizades. Trata-se de uma dama negra e de um cavalheiro com ar de menino.
Não é que eles tenham morrido, mas ambos se perderam de mim em algum ponto. Ambos tendem em carregar tudo pra si, tanto que meu zelo parece sufocá-los. Não quero ser peso, mas também não quero deixar minhas bases ruírem.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

#ACORDABRASIL #PORUMBRASILMELHOR




Finalmente saímos da imobilidade, desmentimos a nossa fama de comodidade, estamos fazendo valer a nossa voz. Mas e aí, você sabe pelo o quê você grita? Você grita por algo que acredita? Tudo que sei é que venho esperando por esse dia desde que tomei consciência sobre a minha vida.
Escrevo o tempo todo sobre o que penso, sobre o que gostaria que as pessoas percebessem e movimento é de fato, meu assunto preferido. Sei que nem todas as íris enxergam mesmo o que acontece ao redor, bem como nem todo corpo é realmente preenchido. Há os que vagueiam, os que precisam de motivo, os que precisam dos outros. Mas eu confesso que sequer imaginei que uma revolução, aqui nas terras tupiniquins, iria ser tão repleta de confusão, por mais que isso pareça óbvio agora.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Verdinha e Amarela

Não, não estou falando de cédulas ou de potes de ouro. Estou falando das cores da nossa bandeira, mas sem nacionalismos ufanistas ou alienações. Acho que sabemos muito bem do que vai mal e do que nos dizem que vai bem. Mas e então, meu bem, fechar os olhos e odiar a pátria eternamente vai mudar o quê? Você vai continuar o mesmo reclamão de sempre, que sentado brada pelas injustiças de um país que querendo ou não, é feito pelo seu povo.
Sim, sou eu e você, somos nós quem fazemos o Brasil. Somos nós que votamos nos corruptos, somos nós que podemos tirá-los do poder e ainda somos nós que podemos nos manifestar. Uma agulha no palheiro? Antes de outras mil agulhas, ao menos um alfinete solitário teve que aparecer!
Mas voltando às cores e lembrando ainda da alienação, já parou pra perceber que a bandeira dos EUA está nas roupas, nos fotologs, nos mais minúsculos detalhes do nosso dia-a-dia e que nós, brasileiros, costumamos ser grande propaganda ambulante de tudo isso? “Os Estados Unidos da América é uma potência mundial, natural a comercialização intensa de produtos que nos façam lembrar do país e o fato de eu usá-la não significa que eu despreze o meu”. É mesmo? Mas, por que não vemos esses shorts tão descolados que levam estampas de bandeira, com as cores do NOSSA bandeira? Por que nenhuma marca aposta no verde e amarelo pra vender? Por que você se recusa a pensar na possibilidade de vestir algo que lembre a nossa bandeira ou pior, só o faz em tempos de Copa?

domingo, 9 de junho de 2013

Viajar no ar

Estou na boca do furacão. No olho do caos. Na iminência do buraco negro e tudo que consigo fazer é vagar. Vagar pelas intenções humanas. Vagar porque não entendo seu pensar. Vagueio por não querer me importar. Porque não quero sentir. Alheia a tudo e a todos. Me sentir como um ser que acorda só pra transgredir as horas. Para não me esfacelar e fim.

Estou entre sentir muito e a apatia. Meus pensamentos são como flashs violentos de consciência. Minha vontade é de parar e respirar. Sentir a brisa, viajar no ar. Ser a natureza por uns segundos pra ter aquela certeza de volta. Aquela ideia que só eu basto. Me basto e me faço em qualquer lugar. Mais ainda aqui, no meu lar.
Fugi por dias de sentir, pra cair de joelhos na sua frente e voltar à essa conhecida sensação. Te odeio. Principalmente porque se você não morrer aqui, vai morrer mais a frente, do mesmo jeito..de sempre. Me deixar no pôr do sol com as rosas que não te dei. Com os carinhos que nem pra ti joguei. Mas quem se importa?

Dia Amarelo

                                      

Iniciou-se numa manhã chuvosa, de muita preguiça e paisagem completamente alaranjada. Naquele dia não queria nada, mas ali começava a minha rotina que também estava marcada para acabar naquela semana. Sim, era a última semana dos meus compromissos. O tipo de sensação que me trazia paz, porque só assim poderia organizar e fazer tudo que por tanto tempo planejei.
Então a chuva firmou-se, o tempo passou e o dia foi assumindo outras cores. Eu ficava ali estática olhando pro céu, apreciando a variação dos tons e também me transformando com eles.  Embora externamente eu corresse (porque assim exigem as rotinas) era assim que me sentia por dentro.

Vendo a luz colorida entrar por entre as brechas das janelas, pensei sobre tudo, sobre o que teria me levado àquele dia. Só sei que no fim de tanto refletir, percebi que assim como descobri um sentimento com um balão amarelo, num dia que findou com a mesma cor, tinha certeza que ele já não mais me pertencia. Não, eu não mais te queria. Já tinha a certeza que nós não fazíamos sentido, sabia que fomos uma piada do destino. Uma piada estranha e que me fez refém por um bom tempo. Mas acabou. Ainda bem.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

No fundo.. das ideias!




Depois de muito me perder e de ver por todos os lados aqueles antigos rostos, que há tempos não via, me debati com o rosto que meus pensamentos tem caçado há um certo tempo. Ela, minha velha amiga, estava diante de mim novamente, não só ela como uma acompanhante. Uma menina de mesmo nome e que estranhamente eu pensava ter um recente laço de amizade. Surpresa com a coincidência nominal, eu fiz um comentário à toa, falei o quanto era interessante as duas estarem frente a frente.
Eu as apresentava. Mas foi a minha amiga que lançou o questionamento mais interessante: “E você, também não é a nova Mariana?”. Que pensamento mais bobo, ela me conhecia, sabia quem eu era, é claro que neguei. Mas ela riu, como quem sabiamente diz “Você ainda não entendeu o que eu quero dizer”. E eu acordei.
Eu sou a nova Mariana? Ela, ainda é a minha velha amiga? Quando eu encontrá-la, diante de quem estarei? Sua indagação, ficou na minha mente por horas e horas. Não que eu já não tivesse parado pra notar minhas transformações, mas esses dias estive muito ciente sobre quem fui. Quem fui. Vale tão a pena assim lembrar onde os meus erros me colocaram?

sábado, 25 de maio de 2013

No que vai, volta, pára e continua.



Das ideias humanas que de tempos em tempos pairam nas consciências e que por uma intervenção social, são coibidas a simplesmente sumir.
“Quando nascemos fomos programados a receber o que vocês nos empurraram com os enlatados de USA, de 9 às 6. Desde pequenos comemos lixos, comercial e industrial. Mas agora chegou a nossa vez, vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês” entoou Renato, numa Legião em 84. E agora me pergunto, o que mudou? Das ideias que tivemos, quais realmente ficaram?

Deixamos que dessem golpes de estados nas nossas mentes. Que nos desinstituíssem da diretoria de nossas próprias ideias. Nos deixamos levar pelas nuances midiáticas, pela maioria programada, pelas regras facilmente compradas. Está na história, nas tentativas de mudança, nas guerras pela diferença. GUERRA patrulheiros, levantar canhão hoje é o fim! Mas quem foi que disse que a ONU faz a justiça do mundo? Quem são mesmo essas Nações Unidas? Até parece que na cidade, você dorme todo dia em paz. Até parece que não rezamos por um dia a mais...

No celar do dia...


...você pensa sobre aqueles momentos inexplicáveis. Aquelas curvas da vida, simplesmente muito estranhas... Aquelas sensações desmedidas, aquelas ideias que passeiam e se perdem no ar sem motivo.

 
Eu vi uma alma outro dia, não que ela seja única, mas a defino como singular porque pra mim ela se destacou de tal maneira que não a pude ignorar. Ainda que superficialmente eu a desdenhasse, era como se aquele espírito já tivesse se cruzado comigo, de tal forma que vidrei meus olhos no seu semblante e nem entendi o porquê. Meu olhar vidrado parou por aí. Não mais avancei, não mais cogitei nada além de contemplar.
Porque almas são almas e vida é vida. O viver daquele frasco não coincidia com as minhas perspectivas. Ainda assim, meus olhos se perdiam no tal conteúdo que aquele ser escondia, pra quê? O encarei curiosamente, mas pra qualquer um que se visse nessa situação interpretaria meu ato como um cortejar indecente. Por isso mesmo parei. Parei no ato. Parei no pensamento. Fiquei incontente. Não entendi nada, inconsolei-me com a dúvida. Morri nos instantes que dividi o espaço com essa alma e sem motivo algum.

Tortura





Quando há tudo a ser dito e quase nenhuma palavra sai da minha boca.. e quando sai, me deixa louca, porque gaguejo, confundo-me. Não me expresso, só aparento nada além de confusão. Mas como não pirar, quando vivo repetindo essa situação de querer o que é distante?
Ando nadando mundo a fora, me incomodando como sempre com as ondas desse imenso oceano que compartilhamos. Essa coisa de gente que mascara, finge e mente. Que se importa com nada mais do que status, que me sorri e me apunha-la mais a frente. Simplesmente, estou cansada de toda essa gente!

De ter que esclarecer meus atos ou clarear os fatos do que penso pro público. Não quero plateia, quero “ser” apenas. Pois tudo que respira ao meu lado, ainda quando acho torto, não cutuco, não imponho minha ordem. Mas então por que preciso me padronizar aos eventos do mundo? Por que quando consigo falar, minha reação soa como a palmatória humana? Por que você não para e pensa que por trás da minha artilharia bate um coração e corre sangue na veia, exatamente como você?!

Rosas




Quem foi que disse que as rosas são delicadas? Quem nunca viu que seu caule é coberto por espadas? Quem foi esse que realmente acreditou que poderia tocar nas pétalas sem sentir dor? Por que toda mulher deve ser a pura e simples representação do amor?
Para chegar na mais doce fragrância que se encontra num topo de uma rosa, deve se percorrer uma longa estrada de espinhos. Uma pétala não se doa de graça, nem tampouco se entrega a qualquer viajante de mãos bobas e ideias deturpadas.
Estranho, é que as pessoas só lembram da parte doce e primaveril dos longos campos de flores. E condena qualquer outro sopro amargo como incoerência do gênero. “Ora essa, flores são flores, todas devem ser frágeis, cheirosas e inocentes e se assim não são, outra coisa deverão ser.”

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Pressa

 
Tenho tido muita pressa e acho que preciso de um freio. Porque enquanto o ponteiro do relógio corre, em mim escorre. Tudo aqui dentro é veloz, ás vezes tão rápido que mal consigo acompanhar... Navego em mim sem rumo e incomodo-me com a lentidão social. Sou jovem, imediatista, do tipo que os pensamentos extrapolam as limitações físicas e ver a dificuldade da maioria em dar o próximo passo, me cansa.
Debato-me comigo o dia inteiro se preciso, apenas para ter uma decisão antes de dormir. Não gosto da imobilidade, não gosto da dúvida, nem da inércia. Em alguns momentos, é como se o mundo parasse e eu tivesse a necessidade de andar. Esperar? Não, também não gosto disso.
Concluo em mim tudo com muita agilidade e não entendo a mania das pessoas de simplesmente deixarem pra lá a parte mais importante do texto da vida. Basta deixar que meus olhos passeiem, para que em segundos minha mente viaje...

terça-feira, 23 de abril de 2013

VER

Cave seu perdão, meu bem
diga o que não acredita.
Me use e se permita usar,
faremos um belo espetáculo popular!


Vamos ser produtos da mídia
ou a retiramos das nossas vidas.
Que tal ampliar o intelecto,
sentar a bunda no sofá
e bradar as injustiças?


Somos máquinas convenientes
ou críticos radicalistas?
Você é o que defende
ou o que lhe convém defender...


Você faz o que quer
ou porque fazem com você?

Seja o criador dos seus passos
e só exiba o que te define.
Você pode até não receber aplausos,
mas essência não se vê em vitrine.

CRER part. 2

Sempre haverá um culpado
e entre o mar de alienados
ninguém levanta a mão.

E já que somos todos inocentes,
precisamos de um ser invisível
que nos impeça de ser delinquentes.


Imagina só que pecado,
como homem, eu te ponho nos altares
espero que me defenda de todos os males,
mas esqueço que como sou livre para errar

outros mil também são..

Mas que rapaz sem coração,
um Deus libertador não permitiria tal aberração!

“Condenação, corte as mãos,
a cabeça e os pés!” gritou o ditador.


Fiel que é fiel espera,
não age, tolera.
Porque Deus é amor
e sozinho ele não é ninguém.

Wake Up


Libertar-se das amarras da ilusão é uma difícil tarefa. Aprender a distinguir realidade e miragem é arte. Escrevo para alertar os que assim como eu, ás vezes se perdem entre olhares doces e mentes perversas, corações vazios e doces promessas..

Lembro-me do quanto andei. Que sofri, cansei, temi. O terror esteve por muito tempo só na minha mente, pois o perigo muitas vezes só existe nos corações inocentes. Inocência tal, não havia. Amor igual também não. Redenção. Muitas vezes eu me entreguei, de peito e braços abertos me doei. Não vi que certas peças movimentam-se com graciosidade tamanha, a ponto de escuridão alguma obter resultado.
A gente se convence do risco enquanto enxergamos a pureza. Mas e quando se conhece a outra face? Tens certeza que lidas com um anjo? Conheces a fundo o que defendes? Antes de temer, meu bem, lembre-se de Sócrates. Pois eu,convenço-me cada vez mais que só conheço a mim mesma.

Certos frascos vestem-se de branco para tornar a aparência mais branda. Não que toda a essência seja obscura, mas às vezes sua sapiência nos foge enquanto encantadas. Ninguém oferece o próprio pescoço de graça, meus belos! Isso é arte dos heróis, que andam em falta no nosso mundo. Esses últimos não são sutis e sim espetaculares, por isso quando vires que os passos entre os monstros são suaves, suspeite. Até porque toda suspeita tem fundamento.

Não ignore as leves desconfianças, lindo pássaro. As almas boas geram reflexos de esperança e nada a mais. Desacredito mesmo de tudo que pouco sei, lembro sempre que os que não devem, facilmente se entregam. Aqui fica a lição passarinho, de hoje em diante, mais atenção, mais razão e mais prudência ao amar.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

CRER

Tão difícil para o homem é viver
 sem ter algo para crer.
Mais difícil para mim é acreditar
 sem racionalizar o que vi.



Não se trata apenas de ver para crer
pois há coisas no mundo
que só podemos sentir!



Me explica então, meu Deus,
por que para falar de ti
o homem apaga a razão?


Quem foi que disse que o Senhor
ama a religião?
A mesma indústria que afirma
que o divino pertence ao coração,
convenientemente dogmatizou
as palavras do Criador.


Há mais cérebro na Igreja
do que o Papa afirmou.



Acho mesmo que divindades,
sejam elas quais forem,
amam suas criações.


Enquanto nós, livres prisioneiros
vivemos de mal criações e condenações.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Gracejos naturais



 
Pela natureza e o seu jeito leve de ser! Ultimamente tenho me depreendido demais de mim, transcendido um pouco e colocado um olhar em cima do que é a vida. Adoro ver o natural para ter certeza de que corre sangue em minhas veias, ou ao menos para amenizar a minha mente enquanto ela borbulha e ter ao menos uma fresta de esperança de que nada é em vão.

Pareço nunca parar de tentar entender o motivo da falta de fé residir em nós, quando não há razão para não vivermos. Criamos confusão aos montes é verdade e isso inevitavelmente nos desestimula. Mas já que estamos aqui, o que faremos? Levanto meu olho pro céu e penso com um ar otimista de que a tentativa é a única saída para os nossos erros. Logo eu, que pouco acredito em mim. Tenho esperança no meu pessimismo e acho isso bem estranho...

...Mas, a vida é estranha. Ela arranha, ela morde e na janela ao lado, ela te acaricia. A gente se prende no quarto, guerreamos internamente e gritamos anarquia pelo mundo cruel. Aí, é só parar, olhar pro muro em frente à sua janela, pra ver uma raiz brotar do cimento. O capitalismo é selvagem, garotos. A vida resiste à selvageria dos homens, meus caros. A morte é o escape sem volta. Ou pior, quando não for a hora, a volta é sofrível.

Quantas pessoas tentaram ir e não conseguiram? Por que um quarto nos enlouquece tanto? Não é o quarto, garotos, é a gente. Sempre foi. Quando não olhamos pra fora, afundamos em nós e acabamos afundando o que nos rodeia também!

Ultimamente, sinto que falta um pouco de mim aqui dentro, então, tenho transcendido um pouco e olhado pra fora. Ver as nuvens no fim da tarde formando uma aurora boreal sem cores bem aqui da minha varanda, me faz ter certeza de que corre sangue em minhas veias. Ou ao menos, ameniza minha mente e me faz pensar que nada é em vão.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Aquele modelado jeito de ser...




 
Quando você pára e pensa em determinados moldes que inconscientemente você segue. Das coisas que tangem o seu gosto, das coisas que estão na cara e ninguém, ou até mesmo você, não vê.

Imagina que nem todos os poemas podem ser lindos, que nem todos os versos são sentimentais. Que os que assim não são, nem sempre pertencem ao Parnasiano e que a dor faz parte do plano de ser poeta. Pois um bom escritor deve transcender as linhas e te puxar pras letras e sensações, sejam elas quais forem.

Por que é que a gente só gosta dos colírios? Das cores e dos vícios? Por que ocultamos a podridão do nosso ser, a fatalidade que muitas vezes é viver! Afinal, antes da luz há escuridão e o fato de o brilho se ausentar não pode ser encarado como falta de espiritualidade no coração. É caindo que aprendemos a levantar, não é mesmo? Então por que não mirar o olhar pro feio? Por que não desfrutar dos versos sujos? Há um modo bonito de se ser real. E esse modo, deveria ser apreciado por todos. Deveria ter o reconhecimento de todos.

É lindo cair na fantasia do que não somos para saciar a mente. Mas é imprescindível entender o que nos afunda para não repetir a queda lá fora. Sempre tão cômodo olhar pra si não é? E apontar o dedo pra si, por que gera desconforto? Por que culpar-se é tão chato?

Por que a minha crença é melhor que a sua? Por que as nossas crenças não podem partir de um mesmo ideal e conviver pacificamente? Por que você não assiste jornal e verifica que o que você acredita é um erro! Por que eu não posso errar?

São muitos porquês sem resposta. Muito que eu ainda tenho de aprender e como errante consciente dos meus atos, afirmo que olhar pro lado é necessário. Vê só como é não ter o que tens, perder o que teve, não ser o que és. Por que o mundo é grande e você é único. Existem mil de “não vocês” lá fora, com a porta fechada, tentando se encaixar numa realidade que só existe na sua cabeça. Igualdade, é possível?

Menos injustiças senhor. Dignidade, eu acredito. Seja tu, seja ele, seja eu, sejamos nós. Mas não sejamos também, pra não cair no erro de achar que a perfeição só mora nos nossos limites. Nos limitemos a não criar muros nas nossas mentes. A nos expandirmos e até mesmo sermos inconsequentes, mas apenas no pensar de um jeito torto ás vezes. Na vida que dá, passa e a gente nem sente. Na vida que estamos a levar.

terça-feira, 26 de março de 2013

Sendo


E o que sou? Este ser mergulhado entre as ideias e o movimento mundano. Mas hoje, afundei foi em mim. Nessa minha imperdoável mania de ser eu. Eu de um jeito analista e empático, eu perfeccionista. Importando-me demais com o torto e com as suas curvas. Ou ainda, presa demais no que as inconstâncias atraem. Incomodo-me mesmo, mas me aquieto quando o incômodo é gente.

Porque gente é do tipo bicho teimoso, que por mais insistente que eu seja, uma palavra severa pode não causar efeito. O fato é que no meu caótico silêncio, eu me entendo e me conforto. Mas se por um acaso retira-me dele e obriga-me a ser literal, espumo todo o redemoinho que aqui se guarda. Mostro por fim, o tsunami que há em mim.

Não me obrigue a abrir meu peito indiscriminadamente. Pois não sabes o tamanho do que guardo e quão assustador é, quando solto.

Ainda assim, tão fundo em mim, olhei de relance a Lua e vi que antítese é a vida. Pois aqui no meu quarto, me sinto imensamente perdida em rancor, mas quando olho as estrelas, vejo o ponto que represento no mundo. E mais: a desimportância que é se deixar atingir por alguém.

Dentre os pontos universais, os coqueiros do meu quintal nada são. Imagine então que sou eu no meu cubículo caseiro? Eu aqui, pequena, perdendo-me dentro de mim por outro ser menor ainda. Pois eu, ainda em barulho, enxergo meus limites e os meus erros, mas esse ser que hoje me tira do eixo, pouco vê, pouco escuta, pouco entende. E isso provavelmente é a causa dessa minha bagunça. Esperei muito mais de alguém, pensei estar no lado de um corpo tão compreensivo quanto eu. E o que colhi?

Pirraças, alfinetes, intrigas de menina pequena que de um jeito sutil me cutuca. Dessas sutilezas que soam como pena para o mundo, mas que sinto como blocos de cimento. Lamento, que se rebaixe tanto ao meu lado apenas pra ter a sensação de alguma altura. Até porque, enquanto assim segues, assim continuarás e eu posso até afundar em mim, mas saio do meu mar quando souber que for a hora. E com toda certeza, essa hora sempre chega.

domingo, 17 de março de 2013

Catalepsia

Não negues que me conheces
ou conheça antes de negar-me.
Não se finjas de morto,
se tão quieto viveu a ludibriar-me.
Não ache que caio na arapuca desses seus sonhos vãos.
Agora ando por ter cansado da corrida.
E se esforço fazes tanto,
porque não toma tuas nuances
ao invés de perseguires as minhas?

Amor, não nos amamos,
somos almas perdidas.
Nos encontramos porque antes erramos
e agora complicamos mais ainda!
Desfaçamos o nó e só.
Sejamos íntegros com o que nos sobrou,
não sopremos o resto do pó,
não sacrifiquemos o que ficou.

Se tanto fazes pra lembrar o que passou
é porque no fundo, também queres esquecer.
Se não és objetivo
é porque concretismos também não queres colher.
Somos peixes, querido.
Nadamos juntos e tão sós.
Mas permaneçamos assim pra não criarmos novamente
nosso conto de irrealidades e frissons.

Hoje, me animo muito pouco com teus versos soltos.
Te acompanho pra ser livre,
por perdoar teus imaturos sopros.
Vivamos assim.
Andando de mãos soltas, um ao lado do outro.
Absoltos e preparados pra um começo novo.


Para comemorar o real motivo da criação desse blog: A poesia.

Apneia


E se o ar fosse água, que diferença faria respirar? Respiraríamos ainda, mas de um jeito peculiar.. Mas e se viver for mera ilusão e a minha lâmpada fosse um aquário? Pude jurar que vi um peixe lá.

Vejo vida em cada canto, cada brecha de abandono. E quando me desespero afundo e sinto as ondas mareando nos meus ombros.

Me arrepio com o ritmo dos destinos destroçados. Nas melodias que se entrelaçam pra falar dos sem sorte que mal têm mar. Dos que secam, sem nem lágrima deixar escapar...

Me balanço no embalo do sonho, no desejo da criação. Do futuro que construo, da renovação da plantação. Na nova gente que nasce e que mareia como eu. Na consciência que brota e evoca uma era de comunhão pra Cristãos, Islâmicos e até Atheus.

E o que é a religião se não o desejo da união? De um jeito torto e retorcido, pessoas pregam que ainda há um destino. Ao lado de Deus, do meu ou do seu, andemos então, em frente sempre, na trilha da vida, no mar da salvação...

À margem


Estou à margem de tudo e tão fundo em mim. Porque aqui dentro tudo é lembrança, experiência e expectativa do que está por vir e do devir de viver. Do dever de realmente saber viver. Mas tudo parece miragem, dessas que só se admira e satisfaz no simples mirar do olhar. Vejo as intenções brandas, os movimentos sombrios, minha cabeça pontua cuidadosamente todo esse andar vazio.

Essa gente que não diz quase nada sobre seus pensamentos tolos, que pensa que me engana com esse andar melindroso. Enxergo o descaso, a inveja e a distância do que me compreende. Pois na verdade, minha realidade dista de tudo que os meus olhos alcançam no momento..

Insatisfeita, eu? Apenas vejo. Olho, me interesso ou não. Talvez só remexo, observo enfim as ondas quebrando nos meus pés. Tudo é mistério e alheio demais pra que eu me encaixe e participe. É interessante até, perceber e analisar o que passa de dia. Mas à noite escureço e a razão me preenche atentando o incômodo da imobilidade. Imóvel eu me sinto nesse meu mundo perfeito de distrações. O que me entretia, já não faz sentido e o que vem no raiar de mais um dia, são só bonecos de lata ou de vidro. Aqui estou eu, fitando essa vida, caindo em mim.

Estou pulando entre minhas verdades e o meu raciocínio, entre o que me puxou pra debaixo da terra e o que devolveu meu ar. Tenho respirado, só não consigo andar. Me explica então, meu Deus, por que as peças se encaixam pra depois se misturar? Quando é que você vai me dar o prazer de ver tudo finalmente se ordenar?

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Cinemática


Psiiiiiu, vai começar! As luzes se apagam e a magia acontece. Então eu paro e vejo, duas criaturas a viver uma situação inusitada tão similar à um instante em que passei. Parei e pensei. Na provável hipocrisia do meu intimismo. No meu assumido modo de expor a verdade e me esconder em mim.

Sinceramente? Gosto da verdade em todos os aspectos. Pra mim, ela deve ser dita, se mostrar e as pessoas vesti-las, sempre que poderem, do jeito que quiserem, contanto que seja real. Mas gosto do meu espaço. Gosto do meu canto inalcançável, não quero que o público entre nele e remexa em mim. Me decodifique por inteira e divulgue o que há aqui. Não quero mesmo ser propaganda social. Quero causar revoluções mas de valores éticos necessários. Mudar o que for preciso, quando preciso for.

Tenho mesmo que me mostrar pra ter moral? Exibindo-me, penso que serei moralizada e não causarei impactos de consciência. E um fato é certo: análises me incomodam. Meu perfeccionismo me prende a um mundo em que meus erros e falhas me angustiam. Sei disso, conheço bem meus deslizes, mas não os quero apontados por terceiros. Isso é um erro?

Talvez. Quero o certo às claras e estou em parte às escuras. Mas nessa coisa da busca pela perfeição, sei bem que há utopia e portanto não me encaixo. Aprendi a ter orgulho dos meus desajustes, isso me caracteriza, personifica minha marca. Sou eu, me mostrando e me escondendo quando posso. Observando sempre.

Vendo que na maioria das vezes, quem mais se mostra pouco diz sobre si. São propagandas incoerentes da indústria que massifica padrões. Sou do tipo produto diferente, não quero me misturar a essas multidões. Quero verdade, me doar aos que merecem e que perseguem a justiça, assim como eu. Parte deles já tenho, denomino-os amigos, parceiros de filmes inteiros. Cinemáticos íntimos e meus. Caricaturas revolucionárias da vida, que carrego no lado esquerdo do peito.

Menina


Gosto de ter a alma levada pela leveza das crianças. Ter fé nas pessoas, na vida, deixar que o vento me carregue num balanço imaginário. Ser menina sim, mas não ser infantil. É possível?

Causar confusão é o tipo de coisa que esse espírito provoca. Gosto de tudo que me faz pensar que ainda sou jovem, afinal é bem verdade que ainda sou, mas falo do que tange ao gosto, às manias ou ao estilo. Não é porque aprecio a inocência que eu seja ingênua ou não entenda da dor do mundo. Pior, não sou criança a ponto de viver à margem da sociedade e pensar que vivo num conto de fadas.

Não, eu vivo o mundo mas sob a minha própria perspectiva. Gosto da subjetividade, da poesia e do ritmo. Sou realista também, quero mudar o que vejo quando abro os olhos, quero melhorá-lo, fazer diferença nele. Mas em momentos de fuga espiritual, gosto da Alice, dos bosques, do mundo de cores e sabores, sempre doces. Não sou imatura pra mascarar o mundo. Mas acho que os sonhos o movem.

Os transformadores viajam em contos. Ou você realmente acha que os de mente criativa param pra avaliar a bolsa de valores? Dou valor aos economistas, mas prefiro a fantasia. Tudo em seu momento específico. Assumo a postura que preciso quando me é cobrado. Me visto dos sonhos mas compreendo o mundo como ele é. Até porque nem tudo é o que parece, não é mesmo?

Bobagem isso de mascarar-se de seriedade para se mostrar consciente. Inteligência e maturidade, não se compra no mercado. Estilo não configura profundidade mental. Mania humana de associar o abstrato com o palpável, isso é só pra tudo parecer mais confortável? Pois bem, sou a antítese e causo incômodo. Não me limite pelos meus risos e preferências, pois dessa forma analisarás minha miniatura incoerente e nada entenderás sobre mim.

Não quero ser princesa, mas gosto dos rabiscos dos desenhos infantis. Gosto de finais felizes e quero terminar dessa forma na terra que me criei. Quero fazer outros finais tão mágicos quanto. Quero ser menina enquanto viver, mas pensando como uma mulher capaz de fazer esse mundo crescer.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

La mér



No francês, meu lar que naturalmente é moço, se torna mulher e nela hoje vou me perder. Falar do passado, do que passo e de onde quero estar. Tudo porque no início eu era mar, mas via deserto. Areia por todos os lados, calor e seca em todo espaço ou rastro de visão. O tempo passou e daquele mesmo modo nômade que costumo ser, voltei pras minhas águas. Voltei, mas ainda sentia as dores de viver em dunas. Eu não era, só contemplava “o ser” alheio. Então, depois de um longo suspiro me dei conta que o ardor do sol mexeu comigo, afinal só em delírios contemplar as ondas me bastaria.

Eu precisava mergulhar, deixar essa coisa de terra um pouco de lado e voltar a ser quem eu era, quem realmente sou.. Saltei da areia e corri pra água, pra nadar na imensidão que persegui por 2 anos soltos no espaço. 730 dias de escassez com estranhos benefícios. Até porque nem a dor consegue ser plena quando a alma não é pequena.

Pequena eu sou neste mundo, mas me sinto livre enquanto a água me completa. Meu pulso só corre enquanto escorro nessa dimensão imersa, borbulho versos incompletos de uma conversa, um pensamento, um sonho sem senso. Mas só em prosa venho declarar a minha satisfação de finalmente estar com ela. De afundar no meu lar. Porque o fundo aqui, não é sombra mas sim, beleza oculta.

Tive que passar 3 dias omissa, pra entender na alma  que só o que me fazia pensar era estar no meio desse movimento. No balanço das marés ou no burburinho do povo. Ah, o povo! Esta minha gente que no meio do caos dança uma música inaudível e ri sem motivo. Coisa de conto, mas que eu vejo na rua, num dia de tédio, calor e fervência. Sim, pois as profundezas das águas podem ser frias mas a superfície esquenta!

Ah, meu lar. Meu canto, encanto de Deus dará. Minha Bahia de todos os santos, todas as crenças e orixás. Voltei pra ti, deságuo aqui e nunca mais quero te deixar. Só vou até onde meus versos me levarem e suas águas me carregarem, além mar.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Me guia



Então é 2 de Fevereiro, dia da rainha do mar. Rainha que guia o terreno da minha alma, mãe das águas, de nome Yemanjá. Assim como seu reino, ela é mistério, seus enfeites brilham em encanto, sua calda e seu manto me cobrem com graças que não sei explicar. E hoje me vi lá, num barquinho com o olhar vidrado no horizonte, balançando ao ritmo da correnteza, tudo em nome dessa sereia!

Mulher ou mito? Figura danada, que mesmo em seus dias me faz navegar! Fui parar nas profundezas do meu corpo, viajei nas ondas dos meus pensamentos e no que estive a desejar. Vi que conquistei o que queria e que podia estar a um passo de ter muito mais. Cumpri a promessa que fiz em terra e que me fez transbordar por meses. Eu estava lá. Com as ondas debaixo dos meus pés, enfrentando o mar que eu queria, o mar que sempre me pertenceu.

A brisa dessa vez me beijava e não me levava como num vendaval. Eu, as flores, as alfazemas e outros que creem na mulher sereia. Por um segundo, esqueci que não estava só e pude conversar com ela, falei com o ar. Pedi por mim, pedi pra acalmar o turbilhão que invariavelmente surge em mim, dar um basta nessa correnteza que me arrasta pro nada. Quero nadar, navegar pra frente sempre!

Minha sereia, te sinto agora como esta manhã jurei estar contigo. Este é mesmo o caminho não é? Posso gotejar as vezes, mas sei que estarás comigo. Sei que teu azul me guia e que seu misticismo me energiza. Me enche Yemanjá, com tudo que sabes que posso suportar, me agregue novamente às suas águas. Quero ser sua filha, quero te mimar, cuidar também da minha raiz Terra que te beira, cumprir meu destino e em ti desembocar.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

1/4 de problema


Sou mesmo uma dose de chatiações. Dessas cachaças bem transparentes e inebriantes quando se toma um gole... Pareço límpida, mas se você se entrega ao vício as coisas ficam meio turvas. O vício que digo, é desses de comparar meus passos com os dos outros. Toda bebida tem sua data, sua textura e eu tenho as minhas, tão minhas que acho bobagem comparação. Acho mesmo, pois sei que desapareço na multidão. Sou pouco comum, repetida, ou parecida, então não me trate como mais uma. Não enxergue meus problemas como os outros. Não me veja com os mesmos olhos.

Pois quando te vejo, tomo o teu olhar, te percebo, me transponho. Sei que é difícil pra maioria essa habilidade, mas me incomodo nas reduções quando me equiparam. Cada ponto, aumenta um conto, e cada um tem seu próprio modo de criar furdunço, fazer bagunça, ser a ruga velha que o rosto cansado sustenta. Daí me tens como a mosca da sua sopa e quer que eu me contente.

Se sou mosca, não me conformo não, moço. Incomodo apenas, por ser diferente. Porque o estranho assusta. Mete medo e te frustra, por não ter controle de mim. Deixa quieto, rapaz. Um dia sê cresce e aprende a entender os demais. Agora por ora, sigamos em paz. Não é assim que transmites, teus recados sutis?

Te digo aqui, que encontrei a minha na esquina seguinte à que bati tua porta. Não sei se amanhã ainda te faço visita, se te olho de espreita ou sorrio educada. Verseio enfim, em rimas descontraídas nossa estranha história. Aquela que não finda, não começa, nem se explica. Um novelo de lã, perdido na Terra.

Enquanto bravejas e acentua minhas irrelevâncias, vou construindo sonhos com os que me tomam com respeito. Que me aceitam numa xícara comedida e me fazem de ouro. Desses outros que são também respeitosos ¾ de lindas confusões. Que se dividem em muitos, mas que estão sempre comigo. Me vendo, tomando meu olhar, me percebendo, me transpondo.