Iniciou-se numa
manhã chuvosa, de muita preguiça e paisagem completamente alaranjada. Naquele
dia não queria nada, mas ali começava a minha rotina que também estava marcada
para acabar naquela semana. Sim, era a última semana dos meus compromissos. O
tipo de sensação que me trazia paz, porque só assim poderia organizar e fazer
tudo que por tanto tempo planejei.
Então a chuva
firmou-se, o tempo passou e o dia foi assumindo outras cores. Eu ficava ali
estática olhando pro céu, apreciando a variação dos tons e também me transformando
com eles. Embora externamente eu
corresse (porque assim exigem as rotinas) era assim que me sentia por dentro.
Vendo a luz
colorida entrar por entre as brechas das janelas, pensei sobre tudo, sobre o
que teria me levado àquele dia. Só sei que no fim de tanto refletir, percebi
que assim como descobri um sentimento com um balão amarelo, num dia que findou com
a mesma cor, tinha certeza que ele já não mais me pertencia. Não, eu não mais
te queria. Já tinha a certeza que nós não fazíamos sentido, sabia que fomos uma
piada do destino. Uma piada estranha e que me fez refém por um bom tempo. Mas
acabou. Ainda bem.
Na verdade agora,
somos como estranhos. Até a linha de amizade que antes eu enxergava tão vívida,
se desfez. Era tudo miragem, tudo como um pesadelo que eu enxergava de fora.
Aliás, nesse dia eu me vi completamente
de fora. Das outras coisas que não te tangiam, não tinha mais certeza do que
valia a pena insistir ou sentir.
Eu estava cansada.
Não só da minha rotina, mas de mim, de tudo. Estava farta das repetições. Por
isso foi tão difícil levantar. Acordar pra ir fazer..tudo igual. Mas também não
queria sonhar. Meu inconsciente estava me levando a lugares desconhecidos e eu
acordava sempre com a sensação de exaustão. Então aceitei meu dia e inspirei
ele o quanto pude. Inspirei meus erros, minhas tentativas, meus amores, meu
tremores, meus desesperos. E de noite, aspirei tudo na direção do vento, apenas
pra dormir mais leve. Dormir também em
mim.
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