"Enquanto
encarava uma xícara fumegante de café numa mesa qualquer, o vapor esquentou-me tanto
as vistas, à ponto de levar-me além dos meus habituais pensamentos. Mergulhei
na memória e comparando os fatos dessa nossa história, percebi que somos
personagens novos de um caso antigo.
Prescrevemos
antes mesmo de ter nos conhecido. Não éramos homem e mulher, vivíamos como
meninos. Jovens indecisos, embargados pela inexperiência. Não arriscamos, não
cedemos, apenas nos mantemos prisioneiros dos olhares. Nossas almas expectam por entre íris, enquanto nossos
corpos garantem distância segura.
'Por quanto tempo viveremos a
idealização do que somos?' Já quis saber. Mas agora, já
não sei se quero. Acho que temo o caminho que antes fora traçado e que
facilmente pode se redesenhar. A cafeína tem me deixado confusa. Já não tenho
certeza se é mesmo sua, a íris que devo procurar.
Mas
quem sou eu nessa cafeteria? Mais uma entre milhões e se nos pertencêssemos,
nos notaríamos sem esforço. Não como os amantes dos filmes, mas como almas
marcadas pelo destino à se desejar.
Meu
café acabou, querido. É hora de voltar pra casa. 'Mas e você, vem me buscar?' Passei por entre a porta, abandonei o
recinto, ainda à delirar."
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