domingo, 11 de dezembro de 2011

Monólogo


  Nunca quis a luz dos holofotes, sou apenas uma integrante da peça. Mas afinal de contas, o que aconteceu com os outros? Emudeceram, ensurdeceram, apodreceram ou simplismente esqueceram que era para ser um show?
   Talvez um pouco de tudo. Vocês não vêem, enquanto eu grito? Eu clamo : façam, ajam, mexam-se, VIVAM! Ora, erguam-se! Não gosto de falar sozinha... Chamem de indiferença, eu nomeio como falta de vontade. Mas por quê meus incentivos não surtem efeito?
  Sempre quis ser heroína e ficar invisível com certeza estava nos planos, só não imaginei que seria assim, quando eu menos queria. Então me façam notável, apontem os dedos no sentido da luz que está apoiada em mim, só não se esqueçam que esse mesmo dedo deveria estar voltado pra dentro.   O que está fora não significa muito quando o interior é vazio, não é mesmo?
  Então se encham, me esqueçam um pouco, mas falem comigo, porque eu realmente não gosto de falar sozinha. A nitidez das lâmpadas me assustam e me fazem ver coisas que não gosto... quando vocês ecoarem seus desejos, vocês entenderam e então sonharão comigo. E só quando isso acontecer, estaremos numa peça, em que não somos guiados, mas em que dirigimos.

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