domingo, 11 de dezembro de 2016

Gerúndio


Trata-se de ato contínuo. Da sensação de já ter passado por isso antes, mas com personagens diferentes. É como uma experiência vivida, mas totalmente reformulada. E que não termina.

Estamos sempre indo. Sempre. Eu procuro escolher quando e onde, mas você só deixa. Estamos sós, estamos lado à lado. Somos uma idéia tola e persistente que caminha.

Te vejo


Tanto tempo, nenhuma certeza. Você tá bem aqui, deitado do meu lado. Tá rindo das besteiras que digo ou leio. Tá quando eu acordo e quando eu me deito. Você é a voz mansa que aquece o meu peito, o silêncio que consola e a escuridão.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Maré




Estou na areia, sentada na pedra, enquanto o mar me beija os pés. Estou com a mente cheia, vagando em nós. Em como desejei que você ficasse. O quanto rezei pra que o que não fosse meu, fosse embora. Dos dias que te arranquei do peito e que no segundo seguinte, lembrei do teu beijo. Do quanto chorei e sorri por ti. Do quanto você ainda está aqui, em tudo que faço. Do quanto não sei.

domingo, 30 de outubro de 2016

Musa



Quero ser uma musa inspiradora.  Quero que minhas sutis curvas te comovam. Que minha bravura te encante, minha sinceridade até te espante, mas que te faça falta. Quero que você enxergue a minha força, mergulhe na minha profundidade e compreenda que eu tenho momentos de fragilidade.
Não quero temer ser trocada por uma espécime meiga. Daquelas pequeninas que carregam sorrisos sonoros, seios fartos, silhuetas de ponta e olhar pincelado.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Ninho das estrelas




Das bagagens da vida, a gente carrega as lições e as feridas. Às vezes a mala pesa, a gente cede e pensa que não vai conseguir seguir viagem. As feridas parecem arder mais e o remédio torna-se ineficiente. A vida nos cobra paciência. Paciência pra esperar sarar e saber levantar de novo. Seguir em frente!

Solta




Olha só amor, como o relógio girou! Como a gente rodou, rodou, parou, caiu e voltou. Fomos amantes, reféns, querentes. Nosso querer não cessa. A gente foge e acaba aqui. Querendo muito um do outro sempre.

domingo, 14 de agosto de 2016

ACEITE



“Aceita que dói menos”. Aí é que tá, eu quero ver sangrar. Eu não gosto de assentir fácil assim e concordar com o que dizem. Eu preciso sentir, eu preciso entender... É por isso que não aceitei assim, logo de cara, que eu tinha que bater a porta na tua cara.

domingo, 17 de julho de 2016

Urso



Tô sempre tirando você do lugar. Te deixo no canto, dou meia volta e te abraço. Te trago pra mim. Te largo, te cuspo, não te quero mais. Mas sempre espero. É aí que eu erro. Eu te construo dentro de uma perspectiva só minha, pra poder ser feliz. Porque te esperar parecia certo. Porque pra mim foi doído te anular do meu plano de visão. Mais doído do que muitos outros mimos que guardei na minha estante.

Vida Torta



Pra pessoas que planejam um futuro e que se empenham nele diariamente não é raro frustrar-se. Muitas vezes criamos inúmeras expectativas em cima de algo, ou acreditamos verdadeiramente que só existem duas saídas. Por mais que invariavelmente enxerguemos uma rota de fuga, pode ser que ela não seja larga o bastante pra que eu consiga passar. Ou que eu não possa me espremer o suficiente...

sábado, 4 de junho de 2016

Solitud


Andei pensando no que seria o oco do oco, do buraco sem fundo de Bethânia. É o vazio. É solidão. Então me vejo naquela situação de não saber pra onde correr. Veja só, há pessoas sendo felizes de um lado, outras se enganando, algum punhado de gente torcendo umas pelas outras e eu. Eu lá, eu cá e acolá. Mas sempre distante, não-pertencente, impenetrante. Melhor assim, não?! Criar um mundo quando não se encaixa.

Versos pro amor que voltou... tarde.


Depois de dias que passaram feito meses, horas em que cuspi meu coração e depois tive que engoli-lo, senti-lo rasgar na garganta feito whisky e ainda me revirar com o embrulhar do estômago de quando algo não cai bem, você voltou. Você disse olá, quando eu já tinha certeza que você tinha ido. Não satisfeito, você ainda fez uma provocação: quer namorar comigo?

sábado, 28 de maio de 2016

Rager


Não tem problema algum em ter raiva. Você não precisa ser comedido e equilibrado sempre. Não precisa ser cortês, se não quiser ser. Desde que não prejudique ou machuque ninguém, não há problema nenhum em estar realmente muito puto.
Isso me gera inquietude: estar com raiva e todos tentarem reprimir você. Todo mundo parece ter uma fórmula pronta pra te fazer parar de gritar, quando talvez a única forma de você realmente se sentir em paz seja esperneando.

sábado, 30 de abril de 2016

Fuligem


Eu gosto da confusão da cidade. Eu gosto do formigueiro das ruas, de quando estou no ônibus e vejo um tantão de gente exausta. Pessoas que assim como eu, tiveram um dia intenso e que têm naquele instante, a breve oportunidade de deixar que o cansaço se espalhe.

Fábula


Olha aqui menino, você não é o lobo o mau e eu não sou a chapeuzinho. Você não é o homem mau que me tira do caminho e esfaqueia o meu coração. Eu não sou o lápis e você não é a mão. Não é como se você me obrigasse a viver o que eu não queria.
Não é que o alerta não tivesse piscado, quando você apareceu. Mas alguns riscos a gente enfrenta e outros a gente foge. E quando a gente enfrenta, às vezes é de peito aberto. É o que faz as coisas serem mais reais e valerem a pena. Se for pra sangrar, vamos sentir as graças ao máximo também. De que adianta chorar, se não houveram risos, meu bem?!

Eulírico


Acabou. Acabou? Eu não me conformei. Não podia encerrar esse livro assim: com dois personagens pouco convictos de que deveriam se afastar, mas mesmo assim o fazendo. Não havia desastre natural, doença ou pessoa que justificasse tal distanciamento. Mas o que havia então?

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Spaceman. [Luto]


Faz algumas horas que eu soube que você foi pro espaço. Faz algumas horas que você virou pó de estrela e voltou pro começo de tudo. Talvez agora você esteja radiante, afinal você perseguia o infinito, não é mesmo? Você sempre quis ultrapassar os limites terrestres. É estranho escrever-te assim. É estranho pensar que eu tava te acompanhando mas não disse “adeus”. Faz tempo que não nos falamos, mas de alguma forma ainda acho que entendo. Entendo porque tudo é meio assim incompreensível.
Essa não é uma carta de adeus, mas é um “ei, você viverá pra sempre”. Viverá na vida de todos nos quais você passou. Pela sua pureza muitas vezes criticada, pela sua verdade inabalada, pela sua indiferença com a maldade mundana. Era simples, tinha que ser.

sábado, 30 de janeiro de 2016

Feitiço


Eu tava como sempre, no meu canto, perseguindo minha velha cauda e ouvindo o silêncio do caos. Te encontrei no caminho e você sorriu pra mim. Então rimos, dividimos aquelas pistas que certa feita tomaram nossos dias, aquele passado ferido, nosso presente despretensioso. Foi afetuoso, claro. Partilhamos o coração e prometemos ser sinceros no processo.
Quando o sentimento é puro, ele é assim. A gente vai lá e fala, não mede as consequências. Mas os dias passam e a consciência chega. A gente começa a pesar. A gente duvida que tudo possa realmente ser tão simples. Porque nunca foi.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Velha Infância


Queria ter certeza, mas eu bem sei quanto é fácil errar. Eu tava ali o tempo todo, mirando na dúvida, esperando uma brecha pra escancarar a verdade dele. E quem sabe trazê-lo comigo numa cor meio louca, meio solta, tão instável quanto o tal. Mas no meio do caminho esbarrei em você. E foi óbvio. Deus bem sabe que tenho uma mente cansada, que prevê e espera.

domingo, 3 de janeiro de 2016

À flor da pele.


Este sentimento esteve agarrado comigo por uns dias, mas só agora pude deixá-lo fluir. Você sabe, há certos padrões sociais que precisamos cumprir... Acho que o grande conflito está na pele, de fato. Nos arrepios, nos pulsos, na necessidade de sentir.
Ando tão à flor da pele que alguns detalhes tem ganhado imensidão aos meus olhos. Sabe a crise dos 20? Aí vamos nós aos 21! Andei querendo viver tudo que não vivi, de uma vez. Apagar minha mente e deixar os impulsos tomarem conta.