Quero ser uma musa
inspiradora. Quero que minhas sutis
curvas te comovam. Que minha bravura te encante, minha sinceridade até te
espante, mas que te faça falta. Quero que você enxergue a minha força, mergulhe
na minha profundidade e compreenda que eu tenho momentos de fragilidade.
Não quero temer ser trocada por uma
espécime meiga. Daquelas pequeninas que carregam sorrisos sonoros, seios
fartos, silhuetas de ponta e olhar pincelado.
Não sou pintura, meu bem. Eu sou
estrago. Eu sou escândalo contido. Eu sou a má escolha da minha mãe, que veio
em boa hora. Eu coroei o sofrimento. Eu trouxe acalento pra ela. Eu sou puro
erro que busca pela perfeição.
Eu não sou apenas malícia, nem tampouco
exemplo do lar. Não quero temer a ausência de ousadia. Muito menos imaginar que
não tenho o olhar que te arrepia ou o toque que lhe falta. Eu não caibo nos moldes
que a sociedade brada.
Ás vezes eu sou pura revolta,
frieza e inconformismo. Mas também sou lágrimas, manha e carinho. Tudo que
quero é caber nas suas exigências, mas principalmente transbordá-las.
Veja bem, eu não quero que seu
olhar desvie de mim. Não preciso te ver buscar em outro alguém o que não posso
lhe dar. Não quero ser o seu par perfeito, se você não quiser ficar. O
platonismo não substitui a presença. E eu preciso disso.
Eu não quero a lembrança, nem os
quinze minutos de fama. Eu quero seu agora, seu instante, seu suspiro, seu
amanhã, seu destino. Eu quero estar em tudo, sem te incomodar. Eu quero que
você esteja aqui também, querendo ficar. Não quero que sobreviva de mim, mas
que viva comigo. Que entenda que os nossos erros a gente ajusta, de pouquinho
em pouquinho. Que dá pra construir, mesmo com uma perna quebrada. Eu quero ser
uma musa imperfeita, não o seu conto de fadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário