sábado, 4 de junho de 2016

Solitud


Andei pensando no que seria o oco do oco, do buraco sem fundo de Bethânia. É o vazio. É solidão. Então me vejo naquela situação de não saber pra onde correr. Veja só, há pessoas sendo felizes de um lado, outras se enganando, algum punhado de gente torcendo umas pelas outras e eu. Eu lá, eu cá e acolá. Mas sempre distante, não-pertencente, impenetrante. Melhor assim, não?! Criar um mundo quando não se encaixa.

A gente vai levando. Vai fazendo uns laços, um nós, vai caindo e levantando. Vai rindo de quem cruza o caminho, mas continua esperando pelo sentido da coisa toda. Tem um comichão aqui que não cessa, uma interrogação persistente, uma ideia relutando... vai ser sempre assim? Viver de passagem, entrar num círculo, pra sair reta... até se amarrar em alguém.
Se amarrar em alguém? Como se eu precisasse de complemento. Como se eu não desejasse preenchimento. Como se não me faltasse um tantinho de certeza. Como se eu quisesse ser apenas dois.
Me parece mesquinho afundar num par. Porque gente é confusão, eterna profusão. Casais vem e vão. E o meu porto pode muito bem afundar! Que seria de mim, então? Um náufrago perdido. Só, somente só com o meu comichão. Eu sou a terra que busca o mar. Eu sou onda, eu sou profunda, concreta e certa de mim.

A solidão é um luxo, encerrou Clarice. Ela encerra lindamente, decerto. Ela contenta e rasga o vácuo. Eu nado, nado e me perco. Esse mundo é controvérsia demais pra não se questionar a todo instante. Serei uma interrogação provocante! Tão certa das minhas intenções, tão inquieta na minha solidão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário