Andei
pensando no que seria o oco do oco, do buraco sem fundo de Bethânia. É o vazio.
É solidão. Então me vejo naquela situação de não saber pra onde correr. Veja
só, há pessoas sendo felizes de um lado, outras se enganando, algum punhado de
gente torcendo umas pelas outras e eu.
Eu lá, eu cá e acolá. Mas sempre distante, não-pertencente, impenetrante.
Melhor assim, não?! Criar um mundo quando não se encaixa.
A
gente vai levando. Vai fazendo uns laços, um nós, vai caindo e levantando. Vai
rindo de quem cruza o caminho, mas continua esperando pelo sentido da coisa
toda. Tem um comichão aqui que não cessa, uma interrogação persistente, uma
ideia relutando... vai ser sempre assim? Viver de passagem, entrar num círculo,
pra sair reta... até se amarrar em alguém.
Se
amarrar em alguém? Como se eu precisasse de complemento. Como se eu não
desejasse preenchimento. Como se não me faltasse um tantinho de certeza. Como
se eu quisesse ser apenas dois.
Me
parece mesquinho afundar num par. Porque gente é confusão, eterna profusão.
Casais vem e vão. E o meu porto pode muito bem afundar! Que seria de mim,
então? Um náufrago perdido. Só, somente só com o meu comichão. Eu sou a terra
que busca o mar. Eu sou onda, eu sou profunda, concreta e certa de mim.
A
solidão é um luxo, encerrou Clarice. Ela encerra lindamente, decerto. Ela
contenta e rasga o vácuo. Eu nado, nado e me perco. Esse mundo é controvérsia
demais pra não se questionar a todo instante. Serei uma interrogação
provocante! Tão certa das minhas intenções, tão inquieta na minha solidão.
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