Olha só amor, como o relógio
girou! Como a gente rodou, rodou, parou, caiu e voltou. Fomos amantes, reféns,
querentes. Nosso querer não cessa. A gente foge e acaba aqui. Querendo muito um
do outro sempre.
Não adianta falar do dia em que você
decidiu por nós. Foi um marco decerto, mas um ponto que ganhou vírgula também.
Construímos muito em cima dessa oração. Não somos mais os mesmos. Mas você
continua dizendo que é hora de ir. Me diz pra partir, mas se aninha nos meus
pés. Isso não é liberdade, entende?
Não vou ficar aqui pra ver você
brincar de deixar fluir. Pra que nos queiramos e nos queiramos cada vez mais.
Pra que você tropece em si e se deixe levar pela multidão, como sempre faz. Tu
andas sozinho, mas quer todo o brilho da construção social aos seus pés.
Não dá pra ter os dois. Alguém
sempre vai acabar machucado. E eu não quero ser sua algoz, quiçá sua vítima. É
por isso que vou seguir na contramão. Não vou dizer adeus. Já sabemos que isso
não dá certo... O que é certo, é que meu coração não pode ficar espetado na
lança das suas decepções.
Me deixa sarar, tá? Me deixa.
Solta o meu pé. Vai pra onde quiseres. Me deixa girar feito o relógio, com os
meus próprios pés. Ganhar aquela confiança que perdi. Me deixa querer outras
coisas, que não à ti.
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