Olha aqui menino, você não é o
lobo o mau e eu não sou a chapeuzinho. Você não é o homem mau que me tira do
caminho e esfaqueia o meu coração. Eu não sou o lápis e você não é a mão. Não é
como se você me obrigasse a viver o que eu não queria.
Não é que o alerta não tivesse
piscado, quando você apareceu. Mas alguns riscos a gente enfrenta e outros a
gente foge. E quando a gente enfrenta, às vezes é de peito aberto. É o que faz
as coisas serem mais reais e valerem a pena. Se for pra sangrar, vamos sentir
as graças ao máximo também. De que adianta chorar, se não houveram risos, meu
bem?!
Eu to só, não tô bem, mas sei que
vou ficar. O que me agonia é essa sua mania de achar que me protege, nos impedindo
de viver. Você acredita que o risco deve ser evitado, me diz pra não olhar pro
passado, mas quem não sai dele é você. Você se prendeu no que foi, no que fez,
no que sentiu e no que acha que não pode mudar.
Olha aqui menino, eu reconheço a
maldade só na cruzada de olhar. Você não é do tipo que me faz querer correr, mas
do que me faz ficar. É agonia e paz. É a calma que me falta no caminhar. Você é
o tempo que se arrasta, o tempo que voa, a graça que se propaga, o tédio que se
instaura e na maior parte do tempo o quentinho que dá no peito, quando a gente
lembra que tá vivo. Você é contradição e isso é lindo!
O nós tá se propagando aqui em mim. Não sei como posso te carregar,
quando você está de costas pra mim. Mas eu vou levando. Uma hora te deixo na
prateleira ou numa caixa e sigo caminhando na minha agonia cotidiana.
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