Depois
de dias que passaram feito meses, horas em que cuspi meu coração e depois tive
que engoli-lo, senti-lo rasgar na garganta feito whisky e ainda me revirar com o
embrulhar do estômago de quando algo não cai bem, você voltou. Você disse olá, quando eu já tinha certeza que você
tinha ido. Não satisfeito, você ainda fez uma provocação: quer namorar comigo?
Quem
há de acreditar? Eu ri. Se fosse
alguns dias antes, eu teria dito “por que demorou tanto?”, mas hoje isso soo feito
piada de mau gosto. Daquelas bem macabras que você só ri, quando não tá bem. Aí
eu pensei “veja bem, seria muito fácil aceitar...” e declarei “olha só, se você
tivesse voltado enquanto eu transbordava e me oferecesse um papel, eu
claramente aceitaria. Mas por infortúnio seu, acabo de constatar que já o matei
em mim, querido. Eu te mastiguei, degluti mas também vomitei e meu estômago te
rejeita. Eu te velei por várias noites e segurei meu coração nas mãos, te
esperando. Mas tu estavas ocupado vivendo, não é mesmo? Foram várias noites em
claro, brincando de me magoar, só pra aceitar que você foi. Olha o adiantar da
hora... ponteiro de relógio não volta. Vai dormir menino e para de brincadeira.”
Eu
sorri satisfeita com a minha resposta. Parei de encarar a sua foto e imaginar
bobagens. Você ainda está vivendo e essa é só mais uma noite que tenho insônia.
Espero lembrar-me de te esquecer, amanhã.
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