segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

PROVE!


Eu derrubei a porta, não tô pedindo que você me deixe entrar. Eu não quero permissão pra participar da sua vida, não se engane! Eu não tenho que provar ser merecedora de coisa alguma. Isso aqui não é uma competição. É a vida, é a minha vida, é a nossa vida!
Se fosse pra eu fazer morada, teria um espaço pra mim aí. Eu me encaixaria de algum modo e nem precisaria pedir licença. Não teria que me justificar, te servir, te agradar.

Por sinal, eu costumo desagradar, viu? Eu cansei de ter que provar que mereço. De ser vista como uma coisinha escrota, aproveitadora ou manipuladora. Desproporcional mesmo. Sempre querendo demais. Meio fora do tom. Mulher. Sabe a mulher? A que quer te usar, de intenções ambíguas, a menina que com certeza é reflexo de uma outra. De umas tantas. Que te usaram, te aproveitaram e te cuspiram.

Eu sei de mim, não sei dos outros. Eu não sou as outras. E foda-se, eu não vou te provar. Não vou mesmo. Porque você acha que eu tenho que pedir. Por que você acha que eu tenho que pedir?

Já pensou que talvez eu também não queira você mexendo no meu mundo? Que prazer eu tenho em correr atrás da minha própria cauda? Ver o disco arranhado do “não”. A resposta óbvia de que eu sou mais uma. Mais uma, risos.

Sinto muito, eu derrubei a porta. Eu derrubei porque sinto muito! Porque o coração tava batendo e mesmo sabendo que não iria pra canto nenhum, eu precisei derrubar. Antes que meu coração me acabasse, eu te invadi um pouco. Mas eu não vou te pedir nada. Eu já até dei um passo pra trás. Tirei os pés da sua casa.

Eu já vi essas linhas antes, eu já sei pra onde essa estrada leva. E tanto faz. Eu dou conta de mim. Pode fugir. Pode dormir achando que eu tô querendo entrar. Eu tô do outro lado, vendo você desviar o olhar. Vendo você fingir que não aconteceu. Lamentando você recolher seus pertences com tanta preguiça. Me olhando nos olhos, sem realmente me enxergar. E eu não vou provar nada! Au revoir.

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