terça-feira, 26 de dezembro de 2017

MEL


Ele tem lindos olhos cor de mel. Eu acho que são cor de mel, pensei em perguntar, dizer que são lindos, mas ainda não consegui. Não acho que eu vá conseguir mesmo... Logo, logo ele irá embora e eu perdi todo o tempo que eu tinha com uma timidez barata.

Mas isso não importa. Não estamos falando do amor da minha vida. Estamos falando apenas de um lindo par de olhos que me faz sorrir, enquanto eu me sinto vazia. E eu acho isso um tanto engraçado. Porque eu sinto aqui dentro que tudo está desmoronando, mas eu esqueço disso e volto a ser uma adolescente idiota quando aquela íris me encara.

Se eu tenho certeza que não estou falando do amor da minha vida? Eu não ando tendo muitas certezas ultimamente... Eu sei que eu sonho com um rapaz que está confortavelmente inteiro com seu par (que não sou eu). Que meu coração dói quando eu penso nele e muitas outras coisas idiotas que sentimos quando amamos. Eu sei também que meu coração é frágil e eu tenho pequenas paixões fugazes, quase o tempo todo.

Talvez essas paixões sejam uma distração do que realmente me importa, eu não sei. Sim, os olhos cor de mel poderiam ser alguma coisa. Mas a minha intuição diz que não vai longe. Só é divertido e me distrai em algum ponto.

Eu vi em uma série que quando nós achamos que temos ciência e controle de tudo, a vida costuma nos dar rasteiras. Eu já estou no chão, sabe? Onde mais eu cairia? É nessas horas que os olhos nos quais estou falando entram. Viu? Isso é engraçado, sim.

Quer dizer, eu fico pensando: qual o ponto disso tudo? De que adiantam essas pequenas paixões, se tudo não parece passar de observação? Aquela coisa toda de cócegas no ego, mas que nunca ganham corpo.

Talvez eu deva ser grata por ele me fazer esquecer, ainda que rapidamente, que eu estou no chão e não há como as coisas piorarem. Talvez. Você também não ficaria intrigado?

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