domingo, 28 de setembro de 2014

Regojito-te


Tudo que eu quero é gritar, vomitar, te botar pra fora daqui! Seja lá o que o “aqui” signifique. Eu não quero ter que explicar. Falar sobre o assunto é cansativo porque isso implica em pensar a respeito. E sabe, não houve um dia sequer que eu não tenha pensado.
Até poderia fazer o que queres e arrancar-te um sorriso. Tua felicidade ainda acalma meu coração, meu bem. Mas tenho muito de mim pra saciar, agora... Teus desejos são vãos e eu tenho que conviver comigo por uma eternidade. Agora eu quero a minha vida de volta! Quero a paz e o desassossego que você me tirou.

Sim, desassossego. Eu nunca estive quieta, querido. Eu nasci no movimento e nele perecerei. Mas a minha ansiedade antes parecia tão sã. Tão quieta em si! Morri tantas vezes que sempre me perco ao contar, mas com você, me superei. Foi a morte mais curta e mitigante. Paradoxal né?! É, as coisas nunca fizeram muito sentido mesmo. E não precisavam fazer... bastava sentir. E sentir é a ponta do iceberg, porque já não tá cabendo aqui.
Eu falei antes, eu tava entalada. Agora você tá pra sair e você vai! Ainda não sei como... mas quem se importa?! Quando eu o fizer, você nem vai saber. E se souber, melhor não procurar satisfações. Tendo a ser cruel nessas situações... você sabe, não faço força em vão.
Pois então tenha a delicadeza de ir, sem que eu precise enfiar os dedos guela abaixo pra te tirar daqui. Depois: será o vazio, a fome e eu. E que o mundo ature nós três!

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