sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Eu, Minotauro.



Eu que sempre engavetei minhas vontades e sensações, resolvi abrir todas as gavetas ao mesmo tempo. Peguei o caminho inverso do meu comodismo. Gritei que tinha medo, mas mesmo assim fui!

Fui testando novas partes de mim, até o ponto que a novidade era tanta, que me vi parar. Deixei o medo dominar. Silenciei minha intuição. Quis evitar o óbvio. Porque eu sabia que minha cabeça de touro te assustaria. Eu sei que as minhas garras impõem respeito. Eu sempre rosno pra dizer que o único jogo que eu jogo é o do meu labirinto. Se queres brincar comigo, é melhor saber que não vai sair vivo.
É bom medir suas palavras, amigo! É inteligente ter prudência, se quiser dialogar comigo. Eu não sou do tipo que senta e se deixa dominar. Eu sou o dono do meu próprio lar! É só a dualidade do meu ser que, ás vezes, me faz questionar tanta fúria. Penso que é loucura impor limites e barreiras ao meu redor. Mas no final, sempre percebo que não há vantagens em deixar minha porção animal de lado, pra ser sociável.
Aos olhos dos outros, animais devem viver enjaulados. E eu, metade homem, metade fera teria que me submeter aos caprichos do bicho gente. Meu predador, dotado de razões egoísticas. Prefiro a liberdade do meu próprio jogo. Onde eu destruo e refaço os muros que eu quiser. Aqui posso ser, sem julgamentos. Aqui, todas as criaturas vivem em harmonia.

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