Esse tal de destino.

Sabiá, ontem eu dormi pensando que esse mundo é mesmo louco. Dia vai, gente vem e disso tudo a gente entende pouco. Tudo muda o tempo todo e nessa história vou me perdendo junto. Com essa velha mania de querer entender tudo, tantas vezes me desiludi e insisti, pra depois parar aqui. Desse jeitinho mesmo: de alma madura e espírito ansioso. Querendo tudo, entendendo pouco.

Eis que outro dia cruzei com um velho conhecido. O reencontro recobrou-me a consciência do que senti e acabei deixando pra trás. E nesses dias que se passam, não paro de me perguntar: esse moço era pra ficar, sabiá?! Eu deveria mesmo ter tratado suas lembranças como uma parte que passara e não devia voltar?

Enquanto membro perpendicular à minha trilha, ainda dentro de algumas sensações floridas, o ponto em que nos encontrávamos parecia tão desproposital. Como aquelas linhas que a gente cruza por acaso e depois se questiona “mas por quê tanto gasto de grafite em vão, meu senhor?!”

Claro que eu não haveria de saber que tais circunstâncias me trariam novamente à essa questão. Muito embora, agora refletindo me pareça óbvia tal ocasião. Não nego, por conseguinte, que antes eu cogitei tal situação. Mas sem propósito, só com a mesma fé e esperança na vida, de sempre... em que a gente promete e acredita num novo futuro, quando o coração está sangrando nas mãos. Mas que danado é esse destino, me pôs a recogitar caminhos em tão desgastadas linhas!

Mas é tudo conto de pescador, sabiá. Coisa da mente que a gente tão pouco entende, mas não consegue parar de pensar. No entanto confesso, gostei da visita, iluminou meus dias, encheu minha fé e ideias da vida. Se eu vou, se ele fica, ainda não sei. Percebo porém que esse retorno abrandou meus palpites, tão impulsivos e já agitados por outro alguém.

Sabe sabiá, eu já estava exasperar-me outra vez sem razão. Agora descanso e espero pra ver até onde essa grafite vai me levar... Quem sabe as duas linhas em que enxergo não sejam uma só?! Quem sabe ver não seja tudo, mas crer se baste e só. Quem sabe sabiá, quem sabe!