segunda-feira, 8 de julho de 2013

Multidão




Procuro incessantemente barulho porque estou farta de silêncio. Ele me inquieta, me recorda as minhas perdas, me faz inútil. Então deparo-me com a multidão à bradar superficialidades, construindo sonhos que cogitei no passado, vivendo coisas que eu quis, sendo bonecos ocos recriando uma realidade triste. Então, quero fugir.
Quero fugir desse meio...termo. Porque ficar nos radicalismos já não posso. Ficar só em mim é desesperador, temo não voltar sã depois da viagem. Viver no mundo, parece descartável demais para a minha embalagem. E então? Cuspir no povo e repudiar a sociedade? Estranhamente acredito no mundo, num novo começo de era, nas pessoas de verdade. Nesse instante, estou muito distante e nessas ocasiões costumo mergulhar na mediocridade. As manchas sociais me saltam mais, me fazem ir mais fundo, alimenta minha individualidade.


A verdade é que no momento, só...respiro. Inspiro e penso, o que será de mim agora? Como não repetir os erros que reciclei até aqui? Como não insistir nos sonhos que estão incutidos em mim? Como será, não ser...eu?! Mudar,  por que não outra vez? Por ser outra vez, por multiplicar-se repetidamente na trilha. Porque meu orgulho não aceita que ainda há algo a ser alterado, se nem as mudanças me fizeram colher frutos.

Frutos. Me restam as expectativas do futuro. A natureza que acredito e tudo aquilo que com ela quero preservar... De um jeito incerto, me vejo ultrapassar essa linha. Estou pensando se quando chegar lá, já estarei fria. Tanto, que não me reconhecerei. Tentarei ficar no sol, pra não me perder por completo.

Por enquanto vivo, como os dias em que desperto tonta e deixo o brilho solar me cegar. Suspiro cansada porque acordei exausta de mim, e então sinto o cheiro da grama. Espera, um beija-flor, uma borboleta... uma esperança. É a vida. Minha paranoia recolhida. Meu ódio de mim, se alargando porque minhas crianças me abandonaram. Vou sentar e tentar esperar pelo acaso. ... pra não mergulhar tão fundo no meu mar.

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