quinta-feira, 14 de março de 2019

Chuva



Gosto quando o Sol abaixa pra dar espaço às nuvens carregadas. É como se o tempo estivesse me preparando pra chuva. Nessas horas, meu coração esquenta e eu fico até eufórica, querendo aninhar-me em um canto a fim de assistir a chuva cair.

Houveram dias como esses em que me senti completamente abandonada. Presa aos meus próprios pensamentos, principalmente os que se mostravam pouco convincentes pra os outros e que normalmente me afastava do mundo. A chuva me faz lembrar o quanto gosto do calor e ter alguém pra trocá-lo comigo. Por isso ela sempre me causou uma alternância entre ansiedade e melancolia.

Hoje, lembro com graça da dor que senti ao vivenciar partidas. Foram ciclos que fecharam pelos quais me culpei demais. E não era toda a minha responsabilidade. No fim, a gente só se responsabiliza pelo que faz e diz. O impacto disso no outro, diz mais sobre ele, do que sobre nós. E sempre me faltou esse convencimento.

Eu sempre acho que tudo é contornável. Eu refaço os meus passos e revisito memórias. Então inocentemente acredito que as pessoas também podem fazer o mesmo. Mas para algumas, não existe nada além do hoje. E tudo bem também.

Eu gosto como o Sol abaixa pra dar espaço às nuvens carregadas, porque isso me faz lembrar que a limpeza da alma é um processo solitário. E estar só não significa estar em sofrimento. Significa ouvir a voz interna que habita em nós. Significa saber cuidar de si mesmo, às vezes. O cheiro de terra molhada, pra mim, lembra recomeço.

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