Gosto quando o Sol abaixa pra dar espaço às
nuvens carregadas. É como se o tempo estivesse me preparando pra chuva. Nessas
horas, meu coração esquenta e eu fico até eufórica, querendo aninhar-me em um
canto a fim de assistir a chuva cair.
Houveram dias como esses em que me senti
completamente abandonada. Presa aos meus próprios pensamentos, principalmente os
que se mostravam pouco convincentes pra os outros e que normalmente me afastava
do mundo. A chuva me faz lembrar o quanto gosto do calor e ter alguém pra
trocá-lo comigo. Por isso ela sempre me causou uma alternância entre ansiedade
e melancolia.
Hoje, lembro com graça da dor que senti ao
vivenciar partidas. Foram ciclos que fecharam pelos quais me culpei demais. E
não era toda a minha responsabilidade. No fim, a gente só se responsabiliza
pelo que faz e diz. O impacto disso no outro, diz mais sobre ele, do que sobre
nós. E sempre me faltou esse convencimento.
Eu sempre acho que tudo é contornável. Eu refaço
os meus passos e revisito memórias. Então inocentemente acredito que as pessoas
também podem fazer o mesmo. Mas para algumas, não existe nada além do hoje. E
tudo bem também.
Eu gosto como o Sol abaixa pra dar espaço às
nuvens carregadas, porque isso me faz lembrar que a limpeza da alma é um
processo solitário. E estar só não significa estar em sofrimento. Significa
ouvir a voz interna que habita em nós. Significa saber cuidar de si mesmo, às
vezes. O cheiro de terra molhada, pra mim, lembra recomeço.
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