E a eternidade é
mesmo uma mania jovem. Pois quando ainda se é um bebê pra vida, tudo mora no
tempo do “sempre”. Os amores são todos intensos, como se fossem únicos e
insubstituíveis e um término é como um
fim. O fim da era, do ar e tudo que
se conheça até então.
Meu espírito
criança, já disse o Chico Buarque: “ainda
é moço pro sofrimento”. Portanto
ao longo dos anos morri e me eternizei tantas vezes que me perco no contar. Não
que tenham sido ilusões, afinal vivi e esgotei todo o meu amar a cada vez que
senti, de forma ímpar e incansável, como se realmente fossem minhas últimas
fichas. E foram mesmo, de certa forma.
Mas agora, nesse
momento que não sou mais criança, nem tampouco tão dona de mim, entendi que meu
sentir é mesmo assim. Ele é eterno, do tamanho do céu e infinito enquanto dura.
Porque o que vale mesmo é o instante em que ele passa e não o modo como acaba.
Afinal, em todos esses “fins” eu aprendi e o que ficou pra trás, atrás ficará,
guardado no tempo, planando no ar.
Esse ano que hoje
também finda, pra mim termina com uma nova perspectiva. Não quero chorar pela
dor ou pelo o que passou, muito menos fazer promessas que amanhã podem não ter
o menor sentido. Vou rezar sim, pra agradecer por ter sobrevivido. Por estar
aqui hoje, por poder ser quem sou e não dever nada a ninguém. Não vou
quantificar minhas mágoas, pois não quero ofuscar meus risos. Foram todos
muitos e importantes em suas singularidades. Vou ser e só. Pelo segundo ou
milésimo, meu ‘eu’ transpondo-se no ritmo do universo.
Amanhã é dia 1º e o 13, no novo século impera.
Quero renovar minha alma e brindar um novo começo de Era. Até porque o mundo
quase acabou e o que ficou deve trazer a mudança. Também com os cacos, vem a
velha esperança que há muito reside
em meu coração. Vou pegá-la, multiplicá-la até que eu me contente. Sem pedir
muito, sem jurar por tudo, esperar apenas pelo o que é meu. Chamarei contudo a
paciência, para passar pela espera divinamente, aceitando de peito aberto o que
vier pela frente. Andemos então, através do tempo, apreciando o momento,
usufruindo a arte do ser pra viver (fazendo valer).
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