sábado, 10 de novembro de 2018

Coragem



Eu gosto da etimologia poética que diz que ser corajoso é agir com o coração. Acho fascinante crer no afeto como mola propulsora, justamente numa época em que sentir tem sido sinal de fraqueza. Eu mesma me confundo frequentemente com a força presente no meu empenho de dizer o que sinto, quando mesmo dando minha cara à tapa, fico sem saber lidar com o silêncio-resposta.

Acho que a fraqueza do século tem sido desejar a aprovação alheia. Com isso, nós temos nos multilado, nos desesperado, adoecido, nos limitado. A gente quer pertencer a todo custo. E isso mostra muito da inversão de valores da atualidade.

Decerto, o ser humano é muito mais na troca. Nós só crescemos em sociedade. Mas trocar, não significa termos que direcionar nossos seres numa única direção. Pelo contrário, é convergir nossos multifacetados vetores em busca de construir um novo caminho. A gente não precisa caber em nada além de nós mesmos!

A gente só precisa gostar do nosso corpo do jeito que dá, aceitar nossas quedas, nossas travas e até mesmo um rotineiro mau humor. Tudo pra saber levantar no dia seguinte e tentar ser melhor. Lapidar o templo que a gente carrega de um lado pro outro é uma coisa. Arrancar partes de nós mesmos, pelos outros, é outra completamente diferente. Quando a gente respeita o que tem, não há dúvidas. É gigante o amor que flui de dentro pra fora. As diferenças e até a rejeição alheia perdem espaço. O que importa é que você foi feitinho pra estar aqui. Do jeitinho que está aqui. E POXA, VOCÊ ESTÁ AQUI!

O medo, o ódio, a violência é tudo expressão da rejeição. Coisa que a gente ainda tá caminhando pra tirar da dinâmica social. E caminhar é preciso. Sempre. Pra frente, de preferência. Lado a lado com os nossos semelhantes, ainda que suas cascas divirjam das nossas. Juntos!

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