sexta-feira, 14 de junho de 2019

Fora de hora



Andei errando as batidas. Não faz muito tempo que exagerei na dose. Coloquei brilho demais em alguns rastros que cruzei. Daí desacelerei, retomei meus planos e caí em outra rota. Sentei um pouco, examinei de longe, fui dar uma volta...

Que surpresas esse novo caminho me reserva? A vista parece tão bonita, o clima agradável e há muito do que gosto por aqui. Mas me mantenho desconfiada. Você sabe, tem aquela pulga que me diz que nada vem fácil! Não estou acostumada a ganhar prêmios de bom grado. Não consigo me entusiasmar com tamanha oportunidade.
Por isso me sinto errada. Se está tudo tão certo aqui fora, por que parece tão incômodo aqui dentro? Eu já deixei pra trás muitos caminhos que senti não serem meus. Mas ainda estou aprendendo a recusar os rumos dos outros.
Queria entender por que dessa vez está tão difícil me lançar. Sinto que a minha cautela tomou o controle da situação, justamente quando posso estar a um passo do sonho. Tenho me conectado mais facilmente às incertezas do que com provas concretas. E isso me preocupa de um tanto, que nem sei descrever.
Eu só não quero ser um peso morto, muito menos fincar meus pés no chão sem curtir a paisagem.

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