Existem pedaços de mim por toda parte. Todos que visitaram meu coração me repartiram e assim, levaram consigo um pouco do que me mantém de pé.
Veja bem, eu ainda estou inteira. Ainda que eu forje a cola da minha carcaça, eu sigo firme e me reconheço como construção. Eu não vou parar por ninguém.
Eu ainda nem cheguei na minha melhor forma. Mas é tão doído quando duas almas trincadas se cruzam. Há sempre o medo de quebrar mais um pouco. A desconfiança e a dificuldade de se deixar levar.
“Quanto eu irei perder dessa vez?” “Você vai me repartir também?” “Vai saber colar meus pedaços?”.
É cruel amar em um mundo alicerçado como desmonte. E a morte, o tarô confirma: é fim de um ciclo. Mas será que todos sabem recomeçar?
É claro que revisito as minhas partidas. Foram elas que me trouxeram aqui e se eu não olhar pra trás, como vou confirmar que as minhas fundações seguem firmes?
Mas quando me lanço, eu mergulho e só recuo se enxergar traços de desamor. Porque eu sei que cada um tem o seu tempo pra zerar seu crônometro e deixar a cola fundir os cacos do coração que palpita. Porque ele sempre palpita, uma outra vez, num outro ritmo, por outro alguém.
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