Caí em mim: esse tempo
todo criei subterfúgios pra me sentir desejada. Mas certos desejos não são saudáveis.
Subterfúgios viram padrões, que viram doença e deixam a gente acomodado com
falsos sentimentos.
O que eu senti sempre
foi verdadeiro. Mas joguei minhas moedas de ouro em falsos poços, por muitas
vezes. E assim, passei minha juventude trocando comigo mesma a ilusão de amar. Ansiando
sempre a realização dos meus sonhos...
Você chegou bem real.
Com cicatrizes nas costas, olhar marejado e pouca esperança. Eu nem achava que
a gente daria fruto. Mas me envolvi com a ideia da distração. E quando me vi,
estava totalmente imersa em você. Curtindo muito a sensação de amar pra valer.
Agora era sem treino,
sem jogo, era olho no olho! Você me deu uma mão e com a outra segurava a placa
de “PARE”. Pensei “mas parar o quê?”. Seguimos. Você andou me dando recados
sobre os perigos de amar de verdade. Sobre você e o que queria.
Mas sejamos honestos? Eu
ouvi você dizendo pra eu ir embora, em três línguas diferentes, enquanto seu
corpo suspirava com o meu. Você reagia com amor, falava com arrogância. E isso
fez de você um cubo mágico que eu quis desvendar. Então fui entrando nas suas
ideias, na sua vida, na sua agenda. Entrei tanto que julguei necessário mostrar
minhas cicatrizes.
Você não gostou do que
viu. Gritou pra eu sair, outra vez. Não mais me tocou... pois sabia que a sua carne te trairia. Eu
tentei destruir o muro que você criou entre nós. Mas não podia fazer isso sozinha.
Até porque sozinha, aprendi que existe um limite pra insistência e que devemos
levantar da mesa quando o amor não é mais servido.
Agora estou aqui,
pensando nos monstros que você nutriu na sua cabeça e em como ele devorou nossa
história. Meu coração está velho e cansado. Vou te encontrar nos meus sonhos
por uns dias. Vou me trancar no meu peito, até você sumir. Foi sem motivo. Mas foi de verdade.
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