Eu que sempre engavetei
minhas vontades e sensações, resolvi abrir todas as gavetas ao mesmo tempo.
Peguei o caminho inverso do meu comodismo. Gritei que tinha medo, mas mesmo
assim fui!
Fui testando novas
partes de mim, até o ponto que a novidade era tanta, que me vi parar. Deixei o
medo dominar. Silenciei minha intuição. Quis evitar o óbvio. Porque eu sabia
que minha cabeça de touro te assustaria. Eu sei que as minhas garras impõem
respeito. Eu sempre rosno pra dizer que o único jogo que eu jogo é o do meu labirinto. Se queres brincar
comigo, é melhor saber que não vai sair vivo.
É bom medir suas palavras,
amigo! É inteligente ter prudência, se quiser dialogar comigo. Eu não sou do
tipo que senta e se deixa dominar. Eu sou o dono do meu próprio lar! É só a dualidade
do meu ser que, ás vezes, me faz questionar tanta fúria. Penso que é loucura
impor limites e barreiras ao meu redor. Mas no final, sempre percebo que não há
vantagens em deixar minha porção animal de lado, pra ser sociável.
Aos olhos dos outros,
animais devem viver enjaulados. E eu, metade homem, metade fera teria que me
submeter aos caprichos do bicho gente. Meu predador, dotado de razões egoísticas.
Prefiro a liberdade do meu próprio jogo. Onde eu destruo e refaço os muros que
eu quiser. Aqui posso ser, sem julgamentos. Aqui, todas as criaturas vivem em
harmonia.
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