Você diz que não quer ir tão fundo e se esforça ao
máximo para permanecer na beira. Ou ao menos, parecer que só vai molhar os pés
de leve em mim. Pena que você não ouve quando eu digo que já cruzei muita gente
assim. Então acredite quando eu disser que sei como é se envolver sem se
envolver, e não é isso que eu tô vendo você fazer. Você tem a arrogância exata
de quem só vai falar de si e não sabe escutar.
Mas eu vejo um menino ferido com a sua artilharia
apontada, temendo se machucar. E eu me riu ao notar que te leio, mas não
consigo fazer você dar um pingo de credibilidade ao que eu digo. Eu acho que o
meu estereótipo é mais convincente do que eu mesma. Na verdade, eu não sei.
Penso que o tempo vai fazer você ver que a minha aparência engana muito, o
tempo todo. E eu sempre tô dizendo tudo, em silêncio.
Eu vivo na subjetividade das sensações e isso é um
caminho que poucos conseguem pegar. Por isso, não se surpreenda quando eu
disser que eu sou mar dos turbulentos. Na verdade, eu já te disse isso outras
vezes, de forma sutil. Talvez, nesses momentos, você estivesse preocupado
demais com os problemas que você causou, no caminho que você tomou, pra chegar
até aqui. Só não se esqueça que você abriu o seu campo pra mim também. Não é
como se só um dos lados tivesse coisas a perder.
Eu queria que você mergulhasse fundo com roupa, ou até
sem ela, em mim. E eu me importo sim em ver você hesitar. Mas vou deixar de
ligar, se por acaso você tirar os pés da água e voltar pra terra. A minha luta
agora é manter a mente no presente, porque a minha bagagem encheu-se das
projeções pro amanhã e descasos passados. Nada mais me importa. Vou banhar-te,
amor. Vez ou outra não vou te ouvir, porque estou ficando velha e impaciente.
Vou espernear e calar-me. Vou fugir de você. Mas sempre vou contar com a
expectativa das grandes aventuras que viveremos. Sempre.
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