quinta-feira, 26 de abril de 2018

Tênue



“É um cérebro perfeitamente normal”essa frase do Dr. Laszlo Kreizler ficou presa na minha cabeça. Trata-se de um recorte do último episódio de The Alienist, no qual o protagonista e alienista literalmente analisa o cérebro de um serial killer. Dr. Laszlo, por sinal, é um personagem muito intrigante em si próprio. É um cientista cético, mas que também diz crer em Deus. No geral ele prefere debruçar-se sobre o fisiológico para encontrar respostas, mas seus métodos foram insuficientes para cessar seus questionamentos acerca da mente humana. Afinal, o cérebro do pior serial killer que ele teria cruzado era “perfeitamente normal”.
  Isso me leva a pensar acerca da fragilidade da vida. Sobre sermos tanto e tão pouco. Como a nossa mente é capaz de criar enredos tão bem arquitetados, como elaboramos a arte, a música, as histórias, nossos sonhos e ao mesmo tempo sermos tão frágeis, feitos de carne. Da mesma podre carne. Somos facilmente extintos e para bem ou para o mal, nossas maiores diferenças não são biológicas. Porque, segundo Darwin, o que não nos serve a natureza retira. Portanto, somos o melhor da espécie, enquanto carnes.
  Só que não sermos somente carne é também assustador. Sentimos amor, medo, dor e infligimos, ao nosso modo, essa impressão no mundo. E assim o mundo gira e a gente se autoextermina ou regenera. Até... quando?
 Até quando seremos exposição, beleza, visão, padrão...? Não entendo a dificuldade humana em se pôr em unidade, em alinhamento, sem que haja violência ou trapaça envolvidas. Isso é grave e me dá muito medo.

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