É
tão frágil a atenção nos dias de hoje. Ela tem prazo de validade, dose certa,
palavras comedidas e prescrição exata. Você sabe, a minha dedicação termina
onde meu interesse acaba.
Há
um ego faminto que precisa ser bajulado pelos meus amigos. Se não, pra quê mais
se rodear de gente? Eu preciso vender, parecer, atrair e nada mais. E não
importa quem feriu ou ficará ferido, contanto que eu pareça feliz no final.
Contanto que eu caiba na minha caixa social. Aquele perfil que eu vendi.
Eu
preciso corresponder às expectativas da minha tribo. Você sabe, a imagem que eu
construí por todos esses anos. Eu não me importo tanto com você, se você não
está me ajudando. Porque é claro, a gente precisa ajudar pra ser ajudado.
Doação é atividade passageira, nada muito intenso ou que me seja muito caro.
Eu
tenho que parecer boa o suficiente, gentil o bastante, presente para os mais
próximos, devo ter um coração gigante. Mas se você me liga em horário impróprio,
mil desculpas, mas não vai dar. Afinal, todos nós temos prioridades.
Eu
vou jogando pra debaixo do tapete aquela angústia, aquele tropeço que a gente
deu. Nós não precisamos brigar, não é? Não precisamos criar cena para o
público. A nossa amizade vale mais. Mas lembre-se: minha dedicação termina,
onde meu interesse acaba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário