domingo, 9 de novembro de 2014

Orgânica


Tenho um punhado de ideias e nenhuma noção do que fazer com elas. Há lembranças, pressentimentos, rancores e desejos se misturando. Sei o que não quero. Não sei exatamente o que tenho nas mãos.
É estranho estar rodeada e não sentir ninguém perto o suficiente. Eu preciso de tempo... e da paciência que nunca tive, pra poder lidar com ele. Aliás, eu precisava apenas parar de me cobrar uma decisão. Eu precisava apenas... sumir!
Eu acho que nunca vou realmente entender o motivo de eu ter sentido tanto, por tanto tempo. Talvez eu não deva. Apenas sinto que o tempo todo, todos estão vivendo por mim, enquanto eu mantenho meus olhos vidrados em algo que não posso alcançar.
Tudo parece inapreensível demais. Tudo parece um tanto bobo também. É só o tempo, é só o relógio girando... é só a vida passando diante dos meus olhos. Estou fazendo o que posso, correndo atrás dos meus mais sérios objetivos. Mas essas perdas sempre voltam, me fazendo questionar: até que ponto vale à pena o próximo passo?
Não quero parecer uma suicida, Deus sabe que não dou pra isso. Todas as moléculas do meu corpo lutam o tempo todo pra sobreviver. É só a minha mente que morre, toda vez que paro pra analisar como chegamos aqui.
Não que isso fosse uma corrida e eu ainda estivesse ansiosa por uma linha de chegada. Na verdade, eu anseio por algo que não conheço. Uma sensação que seja vívida o suficiente para que eu não me arrependa depois.
Não é você que pode me dar isso. Na verdade, talvez não seja ninguém além de mim mesma. Eu devia dar um tempo ao meu corpo e ser um pouco mais orgânica. Mas a minha mente é vigilante e o meu coração é sedento.
Eu ainda viverei alguns anos me assombrando com a delícia e a sordidez da raça humana. Pois nada me assusta mais, nem desperta tamanho interesse. Eu sou uma curiosa e em função disso, só em função disso, insistirei em acordar dia após dia... porque preciso saber aonde isso vai dar.

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