Tenho
um punhado de ideias e nenhuma noção do que fazer com elas. Há lembranças,
pressentimentos, rancores e desejos se misturando. Sei o que não quero. Não sei
exatamente o que tenho nas mãos.
É
estranho estar rodeada e não sentir ninguém perto o suficiente. Eu preciso de
tempo... e da paciência que nunca tive, pra poder lidar com ele. Aliás, eu
precisava apenas parar de me cobrar uma decisão. Eu precisava apenas... sumir!
Eu
acho que nunca vou realmente entender o motivo de eu ter sentido tanto, por
tanto tempo. Talvez eu não deva. Apenas sinto que o tempo todo, todos estão vivendo
por mim, enquanto eu mantenho meus olhos vidrados em algo que não posso
alcançar.
Tudo
parece inapreensível demais. Tudo parece um tanto bobo também. É só o tempo, é
só o relógio girando... é só a vida passando diante dos meus olhos. Estou
fazendo o que posso, correndo atrás dos meus mais sérios objetivos. Mas essas
perdas sempre voltam, me fazendo questionar: até que ponto vale à pena o
próximo passo?
Não
quero parecer uma suicida, Deus sabe que não dou pra isso. Todas as moléculas
do meu corpo lutam o tempo todo pra sobreviver. É só a minha mente que morre,
toda vez que paro pra analisar como chegamos aqui.
Não
que isso fosse uma corrida e eu ainda estivesse ansiosa por uma linha de
chegada. Na verdade, eu anseio por algo que não conheço. Uma sensação que seja
vívida o suficiente para que eu não me arrependa depois.
Não
é você que pode me dar isso. Na verdade, talvez não seja ninguém além de mim
mesma. Eu devia dar um tempo ao meu corpo e ser um pouco mais orgânica. Mas a
minha mente é vigilante e o meu coração é sedento.
Eu
ainda viverei alguns anos me assombrando com a delícia e a sordidez da raça
humana. Pois nada me assusta mais, nem desperta tamanho interesse. Eu sou uma
curiosa e em função disso, só em função disso, insistirei em acordar dia após
dia... porque preciso saber aonde
isso vai dar.
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