Coragem!
Você tem que aprender a lidar com a fronteira do que se passa debaixo da sua
pele e todo o resto que trisca na superfície. São dois mundos, são bilhões de
pessoas lidando com isso diariamente, assim como você. É só... a vida, amigo! Eu sei, eu sei, tem um
tantão de coisa se passando por debaixo do seu tecido agora, mas quando a gente
resolve na cabeça que tá tudo certo, então devia estar não é?
Devia.
É só que o mundo todo tá parecendo precoce demais. Tudo permeia: o campo das
vontades, o objeto das vontades, o que se conquistou e o que ainda não foi
conquistado. Não há espaço pra paciência e a minha ansiedade não se suporta
nesse ambiente. Eu tô ficando cada vez menos pertencente. Eu não quero fazer
parte dessa competição insana que horas brada por liberdade, ora se acomoda pra
racionalizar a obtenção do poder.
É
tudo poder, é tudo ser dono da situação, é tudo controle. E se eu te disser que
quem inventou essa história de controle fomos nós? Se eu te disser que você
nunca tem controle de coisa alguma? E SE
você descobrir que tá perdendo a sua vida, querendo manipular o inapreensível?!
Não basta você nutrir o que te faz bem?
Eu
queria olhar pro lado e não ver uma selva. Eu queria não ter que acreditar que
viver é ser soldado. É morrer todo dia. É insistir mesmo tendo a certeza que já
se perdeu. E declarar isso é ser melancólico, artista de cinema, risível.
Enxergar a fronteira desses dois mundos é coisa de louco.
Eu devo estar mesmo louca!
Provavelmente fui atingida pelo complexo de Astréia. A diferença é que ela é
uma deusa e tem a opção de se tornar estrela pra fugir dessa bagunça gigante que
nos tornamos. Enquanto eu fico só contemplando e mergulhando em mim, nesse meio
tempo.
Ou
realmente é o fim do mundo, ou um novo começo de Era. Talvez os dois, ou talvez
seja só a minha sede de mudança. Vivo
me confundindo com essas ideias... Quero obstinadamente ser o estopim da
transformação, mas não consigo parar de pensar enquanto caminho, que não tenho
muitas opções. Na verdade, parece que tudo o tempo todo te leva a crer que nada
faz sentido. Só nos resta escolher entre ser a esperança ou o bandido. A
mudança ou o extermínio.
E
eu no momento, me reservo em mudar a minha vida diariamente. Fazer a minha
parte e contemplar o resto. Não quero me afogar nos milhões de coisas que borbulham
debaixo da minha pele e esquecer que a vida lateja acima dela. Não quero ser
covarde, não quero me isolar, não quero ser mártir, nem dona da razão. Eu só
queria ser e ter alguém por perto
que entendesse o peso disso. Mas tá difícil...
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