segunda-feira, 21 de julho de 2014

Amigo


Eu estava deitada, olhando a cortina da janela tremular com a brisa que invadia o meu quarto. Então vi que algum amigo pedia atenção. Ele disse “amigo é ouro, viu?! Não me deixa pra trás assim, não.” mal sabendo ele que meu zelo costuma se transvestir em silêncio.
Às vezes me calo e nem quero machucar ninguém. Eu só gosto de parar um pouco e ver o que tenho nas mãos, pra variar. Saiba que minha voz pode não sair, mas eu estou sempre ali vigiando seus passos. Tomando precauções para que você não se perca na penumbra. Você sabe, eu tenho esse “quê” maternal.

Suspeito


Você parece tão inocente olhando daqui. Sempre dizendo o que sente, sempre tão perto. Mas sabe, eu já vi de muita coisa nessa vida. Eu já vi muita mão acariciar, pra depois bater sem receio. Eu até gosto de você, só não posso deixar de duvidar. Simplesmente porque conheço essa história. Eu já a protagonizei. Você diz que não, mas não vai demorar pra que você caia na armadilha.

Olhos


Lá vem você com seus olhos de comer fotografia. Lá vem seus olhos dizer o que a sua boca não revela. Seriam só as fotografias que eles comiam?! Acho que minhas ideias também se digeriram nessa contemplação. É só literatura dos sentidos.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Desloca-me


Lá vem aquela sensação de novo. Aquela irritação atemporal e inexplicável que a ficção diria capaz de causar formigamento. Eu aqui, inserida nesse mundo e me sentindo tão fora dele. Não é melancolia nem nada... é só estranho. Parece chato “participar”. Não, não... parece incômodo.
Sim, eu me incomodo. Eu me incomodo ao ver as mesmas pessoas fazendo as mesmas coisas, sempre. Eu simplesmente sou atingida por uma enorme vontade de berrar aos que puderem ouvir “mova-se, mude isso, saia daí”. Desnecessário.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Rugas passadas, coração juvenil.


Eu sou uma alma velha padecendo por você. Eu sou uma alma velha que não te compreende. Meus passos de nada valem quando penso o que acontece com a gente. Mas... o quê mesmo acontece com a gente? Estive pensando... desisti disso. Então não pude deixar de lembrar que você é um enigma.
Você é um maldito enigma provocativo, mas que tenho preguiça de desvendar. Por quê? Porque minha mente cansada diz que não vale à pena. Não vale a lira, gastar versos em um jogo que eu pareço conhecer o fim. Mas aí é que tá, eu só pareço. Então pereço novamente, pensando, pensando...

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Me desculpe


mas não posso aceitar que perder foi melhor, porque não, eu não acredito que esse país é feito só de futebol. SIM, eu torci pela seleção como farei em qualquer época, qualquer copa, qualquer estágio da minha vida. Mas isso pra mim, nada tem a ver com política.
Eu deveria lamentar por agora poder usar o seu discurso de que existem outros esportes e que escolas e hospitais não se fazem com estádios. Mas tô aqui parada pensando na sua hipocrisia ao reverter o argumento pra rir da bandeira. É sério que você acredita que a política será regenerada porque fomos pro campo sem planejamento tático e  porque a apatia foi nítida na última partida?! É sério que um partido se destituirá por um par de chuteiras mal usadas?

sábado, 5 de julho de 2014

Lembrar


Gritei sem voz ao fundo “lembra?”. Abri a boca, mas não consegui dizer. Parte de mim era determinada, a outra esperneava em soluços repetindo “como você pôde esquecer?” E eu... eu não esqueci. Eu não esqueço nunca! ESSE é o meu maior problema.
Algumas coisas eu gostaria de apenas apagar, mas isso não está em mim. Eu pareço uma vitrola com um vinil travado. Quando sobrecarrego, minha agulha não roda. Ela fica lá... extasiando-se no mesmo trecho, tentando dizer no engasgo que algo está errado. Não posso seguir em frente até que você delicadamente me empurre. Até que você... realmente me entenda. Porque quando você não enxerga o arranhão do vinil, não importa quantas vezes você o evite, a agulha transcorrerá aquele trecho. A vitrola vai travar mais uma vez. E de novo... e de novo. E eu não posso de novo.