quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Não é real



Ele me disse que as pessoas só parecem diferentes, mas que na verdade todas elas procuram a mesma coisa... e geralmente é: esquecer alguém. Eu achei que ele falava dos outros e me senti até meio idiota por me encaixar na descrição. Mas ele falava de si mesmo também.
E eu até acho que tudo bem você assumir ter um passado triste, resolver conhecer pessoas novas e arear as ideias. Mas o vislumbre de ser eu quem vai tapar os buracos me assombrou e tomou a forma da minha paranoia ansiosa. Afinal, a essa altura eu sei que substituição gera substituição.

Eu nunca achei que eu fosse ouro raro, embora sempre tive a certeza de ser incomum. Mas tava divertida a ideia do surpreender-se sem drama, do apego circunstancial. Só que a ficha caiu: não é real. O que há por mim, há por qualquer um. É oportunidade e momento. Que pena!

Eu coloquei conteúdo demais nas entrelinhas. E ás vezes é só o que é: momentos. Eu idealizei e colori a atração. Que vergonha! Quis ser piegas, segurar a mão, dizer que lembraria da sinestesia do nosso toque... mas o romance morreu. O prazo do encantamento expirou e eu quero voltar para os meus planos. Mesmo que ainda me falte o tesão pela vida.


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