Quantas
vezes eu não quis falar pra ser ouvida e as pessoas riram? Quantas vezes pra
conseguir falar o que precisava, eu não provoquei o riso alheio? Quantas vezes
eu calei, enquanto minha mente gritava! Minha mãe sempre disse: essa sua
timidez te impede de fazer as coisas.
Mas
uma coisa é certa: eu fico por conta quando você olha pra mim e atribui à minha
falta de rugas, o desconhecimento. Desde pequena eu queria participar de
discussões sérias, queria formar a minha opinião e ter ela considerada. Mas eu
não tinha idade pra falar. E se eu falava, eu era muito nova pra entender.
Eu
não nego que os anos me fizeram compreender muito mais, sobre muito mais
coisas. Só que eu também sei que eu não estava de toda errada. Eu só não
aparentava a maturidade suficiente pra ser levada á sério. E mesmo agora, eu
ainda não aparento. Eu tô sempre querendo falar sobre coisas que “não me dizem
respeito”.
É
por isso que as crianças pra mim são um mistério. Eu não consigo ignorar suas
birras ou interpretar que “é a idade” que as fazem agir desse modo. Eu dou
relevância aos seus pensamentos e dizeres, como se elas tivessem a minha idade.
Afinal, era o que eu sempre desejei dos outros. Mas é certo que isso é
relativo. E às vezes, um “eu sei montar barraquinhas e você não” não significa
muita coisa mesmo.
No
fim das contas, a anulação da minha voz é meu gatilho. Acredito que todos nós
podemos ser ouvidos. E que a idade pouco diz sobre nossas almas. Neste mesmo
mundo há calouros da vida e maduros espíritos de pele lustrosa. Então, não se
engane! Nem toda criança, não tem tempo de vida suficiente pra entender o que
se passa à sua volta.
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