quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Abraçar o mundo


Desde sempre eu ouço minha mãe falar que eu quero abraçar o mundo e que isso era algo impossível, um verdadeiro problema. Ela tem razão, mas isso não me fez parar. Eu precisei tropeçar umas mil vezes para entender que a minha felicidade e o meu sofrimento moram aí.


Eu sempre estou cheia de planos, metas, sossegos e desasossegos que ponho no colo. Só pra depois tomar pra mim a função de dar um jeito em tudo. Apontar a direção, fazer carinho, contribuir no riso de alguém, jogar todos esses filhos pro mundo!

Às vezes eu sou uma filha relapsa, me sinto meio fora de órbita, não quero pertencer. Outras sou a mãe zelosa, a que move mundos e fundos pelas crias. Mas em todas as perspectivas, meus olhos estão bem abertos, vidrados no tempo enquanto a minha veia tá pulsando. Enquanto ela fraciona os segundos à conta gotas. Dizendo que meu tempo está findando e que eu estou um pouco atrasada demais pra dar conta da vida.


É, abraçar o mundo é um problema. De vez em quando eu finjo que esqueço e nem ligo. Mas não demora pra que aquele comichão do inconformismo volte. E talvez seja aí que eu realmente viva! Porque o incômodo faz com que eu me mexa. Com que eu procure no caos, o cantinho que me trará paz. É quando eu sou simplesmente eu e ninguém mais.

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