quarta-feira, 24 de junho de 2015

Poeta exilado


Por que será que os poetas não se encontram? Dá pra ver que há vários deles por aí, lamentando um verso e inspirando outros. Há tristeza, melancolia e beleza. No geral há muita incompreensão também. Quem os rodeia nunca os vê com clareza, aspira uma palavra ou outra, mas logo larga de mão.
Então por que os poetas não se encontram se talvez, só eles se entendam?! Por que têm de se admirar de longe, sentir uma breve identificação pra depois cair por terra? Parece um pouco de maldade fazer sofrer pra espremer a rima. Talvez a melancolia inspire, mas a felicidade... ah, a felicidade excita! E a excitação também pode ser metonímia pra rima.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Querer-te, quero verde.

Eu vi nascer, feito fruta proibida,
um querer novo.
O sentimento é conhecido,
a sensação é que intriga.
Coça meu peito feito ferida,
mas pinta meu coração
num tom verde de esperança.

É sonho sim.
É desejo também.
É verdade, tô calejada já.
Mas não canso de querer.
Ainda sonho que você
abra a porta e grite “ei, pensei em te ver”.
Sabemos bem que não será assim.

Pintura antiga



Eu estava olhando o muro, vendo-o descascar. Havia lá a tinta que eu mesma pintei se esvaindo, havia história e o meu dedo de intercessão. Mas eu sabia que tinha passado, eu sabia que devia deixar pra trás. Eram outros tempos e eu não me via mais naquelas linhas. Eu precisava recomeçar! Eu precisava pintar o meu muro de outra cor.
Tal tarefa não é tão simples quanto parece. É sabido que num muro antigo, não se joga outra tinta por cima. É preciso descascá-lo por completo, fazê-lo sangrar. Então põe-se a massa, pra quando alinhada, recomeçar tudo outra vez com cara nova.