Quem
é dono do quê?! Proclamar posse pelo corpo não era crime? Se era, porque
licitamente a gente se apodera? Já era!
Te tomei pra mim e tá difícil dissociar essa ideia. Tá difícil dissolver-te daqui.
É essa velha sensação de pertencimento enlouquecedora. Essa coisa estranha de
auto-proclamar-se dono do alheio. Um
comichão tão próprio que aperta o peito, espreme o coração e força o anseio. É
um querer inexplicavelmente desgastado.
Às
vezes nem tenho tanta certeza sobre ao quê pertenço. Sei que me envolvo ali e
aqui, deixo meus rastros de lembrança, mas logo sumo. Quem verá? Quem saberá
que um dia vivi e vi? Só os meus olhos provarão e deixarão escapar meu fluido
pra terra.
Mas e nós? Quem seremos, meu bem?! Seremos nós
e sós. Pois sei que você não me pertence. Essa falta de posse é a única certeza que
tenho. Não te tenho, nem te terei. Porque pertencimento é mera convenção
realista e nós... nós somos fantasia, loucura vã.
Tudo
tem permeado a linha interrogativa das sensações. Quando a gente não registra,
a gente esquece. Então o sentimento vira ilusão. Vira dúvida. Por isso te
escrevi, querido. Como uma loucura ou miragem. Mas que eu me lembre que senti.
Que eu me lembre de ti. Que eu te supere, enfim... Mas que tu não seja um ponto à
menos na minha redação.
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