quarta-feira, 28 de maio de 2014

Pertencer ou não?! Eis a questão.


Quem é dono do quê?! Proclamar posse pelo corpo não era crime? Se era, porque licitamente a gente se apodera? Já era! Te tomei pra mim e tá difícil dissociar essa ideia. Tá difícil dissolver-te daqui. É essa velha sensação de pertencimento enlouquecedora. Essa coisa estranha de auto-proclamar-se dono do alheio. Um comichão tão próprio que aperta o peito, espreme o coração e força o anseio. É um querer inexplicavelmente desgastado.
Às vezes nem tenho tanta certeza sobre ao quê pertenço. Sei que me envolvo ali e aqui, deixo meus rastros de lembrança, mas logo sumo. Quem verá? Quem saberá que um dia vivi e vi? Só os meus olhos provarão e deixarão escapar meu fluido pra terra.
 Mas e nós? Quem seremos, meu bem?! Seremos nós e sós. Pois sei que você não me pertence. Essa falta de posse é a única certeza que tenho. Não te tenho, nem te terei. Porque pertencimento é mera convenção realista e nós... nós somos fantasia, loucura vã.
Tudo tem permeado a linha interrogativa das sensações. Quando a gente não registra, a gente esquece. Então o sentimento vira ilusão. Vira dúvida. Por isso te escrevi, querido. Como uma loucura ou miragem. Mas que eu me lembre que senti. Que eu me lembre de ti. Que eu te supere, enfim... Mas que tu não seja um ponto à menos na minha redação.

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