Sabe a dor que
surge quando se tem apreço por alguém e esse alguém de repente te julga, ou te enxerga
de um jeito distorcido? Então, foi-se o
tempo em que eu fazia malabarismos mil pra mostrar meu caráter e refletir minha
essência. Mas o tempo passou, e que pena, já que hoje tudo isso me cansa.
Tenho minhas
próprias perspectivas e objetivos e nenhuma vontade de provar meus ideais. Só é
chato perceber o quão repetitivo é ser confundida com algum objeto oco, tendo
tanto guardado no peito e que não se mostra. Nesses momentos, faço minhas as
palavras de Oswald de Andrade e penso mesmo que “meu palitó é de vidro”. Afinal
mesmo não fazendo questão de reafirmar nada, ainda me deixo atingir por
palpites sem conhecimento.
De qualquer forma,
tenho aprendido a respeitar as observações alheias e até confesso que tem sido
divertido assombrar as almas que se arriscam a me desvendar. O medo é
interessante quando se retém a essa linha. Afinal, pra cada fada há uma bruxa,
não é mesmo?
E como bruxa, minha
língua é venenosa. Rastejo entre a timidez e a coragem e invariavelmente bocejo
certas verdades. É que passei boa parte da vida presa num palitó trincado,
provando o meu valor e tentando ser agradável. Infelizmente, hoje meu ego se
diverte nos desagrados e os meus metódicos conceitos emergem com tudo que tenho
me tornado.
Portanto se me
conhecer, terá o desprazer de me ver defendendo o que sinto. Porque eu nasci e
cheguei até aqui e quero mesmo mudar o que está ao meu alcance, ainda que isso
seja inconveniente. E a maioria? Que se conforme, estou feliz comigo e isso
basta.
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