É que antes eu era
a menina que só sabia dizer ‘sim’. Doía, mas parecia pior negar para o outro.
Afinal, da minha dor cuido eu e ninguém parecia se importar muito com isso...
Mas o tempo passa, o orgulho cresce, agente amadurece e aprende que o ‘não’ é
necessário. Precisei aprender a usá-lo e descobri a vantagem de
tê-lo ao meu lado.
Negando, me
fortaleci, tomei controle das minhas feridas, evitei alguns arranhões e segui,
mas fiquei mal acostumada. Gostei tanto do ‘não’, que ele passou a ser o meu
impulso, a minha defesa, o meu resguardo. E parece mesmo que quando agente
guarda demais, às vezes perdemos o mais importante, o aprendizado que vem com
os machucados.
Então agora cheguei
nos trilhos em que as minhas negações estão me incomodando. Percebi que desse
jeito estou me podando de alguns prazeres sutis, estou desistindo de ser feliz.
Não é que o ‘não’
seja meu inimigo... Ele é quem guarda meu espaço, mas não pode continuar a me
impedir de ampliá-lo. Há tanto lá fora a viver e a se fazer, dizer um sim
(mentalmente) às vezes faz bem!
Ora, nem sim, nem não. Calo-me na interrogação, brinco com ela e descubro se o caminho é de negar ou aceitar. Nego-me apenas, a negar sem pensar outra vez. É hora de aceitar o ‘talvez’ e parar de encará-lo como uma ‘pedra no sapato’.
O mundo é inconstante e pede medidas sem formas. Desalinhemo-nos então, vivamos em curvas pra encontrar a verdadeira direção. A seriedade é necessária, mas não pode ser eterna. Brinquemos de errar e aprendamos até acertar de vez.
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