sábado, 30 de junho de 2012

Respeitando o deserto.


É só que quando a vida nos contraria, agente fecha os olhos e se recusa a abrir os braços para as poucas delícias do dia. Mas assim como o dia, a vida também se esvai, na escuridão ou numa manhã quente. Sem pôr do sol, sem anúncio prévio. Ela simplesmente voa e nós minimamente pensamos controlá-la com os ponteiros do relógio.
Foi percebendo isso que aprendi a respeitar o deserto mesmo amando o mar. Minha alma é azul, meu coração é onda, eu ainda transbordo, mas estou no deserto e também não me custa inundar esse lar.  Foram minhas vertentes que me trouxeram aqui, por motivos que as minhas águas ainda vivem a borbulhar em hipóteses, mas eu sempre serei água, não importa onde, não importa como. 

Também pode ser libertador ver o vento abraçar a terra, vê-los dançar pra terminar em dunas. São montes secos em movimento, o ar mareia a areia e me faz ter miragens de casa. A natureza lateja, em qualquer canto, ela grita pra me lembrar que tudo vive. A chuva beija terra, a árvore segura o chão, o trovão me energiza e o relâmpago me tira da escuridão.

Todo nômade aprende a ter o seu espaço sagrado em uma trouxa, então eu posso viver feliz em um quarto se tenho ar. Quando respeitamos o lugar que nos nutre, a reserva vem em dobro e assim seguimos, com menos pesar e menos feridas que venham a sangrar. Apenas deixe um rastro de flores por onde passar e delicie-se com o aroma que ficar.

domingo, 10 de junho de 2012

O poder do 'não'.


É que antes eu era a menina que só sabia dizer ‘sim’. Doía, mas parecia pior negar para o outro. Afinal, da minha dor cuido eu e ninguém parecia se importar muito com isso... Mas o tempo passa, o orgulho cresce, agente amadurece e aprende que o ‘não’ é necessário. Precisei aprender a usá-lo e descobri a vantagem de tê-lo ao meu lado.

Negando, me fortaleci, tomei controle das minhas feridas, evitei alguns arranhões e segui, mas fiquei mal acostumada. Gostei tanto do ‘não’, que ele passou a ser o meu impulso, a minha defesa, o meu resguardo. E parece mesmo que quando agente guarda demais, às vezes perdemos o mais importante, o aprendizado que vem com os machucados.

Então agora cheguei nos trilhos em que as minhas negações estão me incomodando. Percebi que desse jeito estou me podando de alguns prazeres sutis, estou desistindo de ser feliz. Não é que o ‘não’ seja meu inimigo... Ele é quem guarda meu espaço, mas não pode continuar a me impedir de ampliá-lo. Há tanto lá fora a viver e a se fazer, dizer um sim (mentalmente) às vezes faz bem!

Ora, nem sim, nem não. Calo-me na interrogação, brinco com ela e descubro se o caminho é de negar ou aceitar. Nego-me apenas, a negar sem pensar outra vez. É hora de aceitar o ‘talvez’ e parar de encará-lo como uma ‘pedra no sapato’.

O mundo é inconstante e pede medidas sem formas. Desalinhemo-nos então, vivamos em curvas pra encontrar a verdadeira direção. A seriedade é necessária, mas não pode ser eterna. Brinquemos de errar e aprendamos até acertar de vez.