sexta-feira, 24 de julho de 2020

Desafio o tempo


Percebi que gosto de me demorar nas sensações e me agonio muito em intervalos. Não sou lá muito habilidosa com sustos, mas perco mais de hora processando o que senti.
Pra mim, os encontros devem ser eternos e por isso, abraços rápidos me dão medo. Gente que chega querendo sair são verdadeiros filmes de terror! Amo permanências. Não vejo sentido em coisas que expiram. As evito ao máximo.
Tudo aqui dentro ressoa em frequências infinitas. Vez ou outra ainda encontro pedaços dos ditos pontos finais. E eu gosto de decisões. De coragens. Mas do fim à um novo começo, existe um intervalo inocente de possibilidades que despertam minhas ansiedades. E é aí que moram minhas pequenas mortes.
É quando sinto que, mesmo correndo, a linha de chegada parece cada vez mais distante. E de alguma forma eu sempre corri. Primeiro de mim, depois dos outros. Às vezes até atravesso as horas. Agora eu grito de volta pro relógio que eu preciso de tempo e há muito a ser (re)feito. Estou andando, enquanto todos correm e quero continuar assim.

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