Eu
queria poder me abaixar sem temer que ao me empinar, alguém passasse e me
tirasse o pedaço com os olhos. Queria que a minha carne aparente, fosse carne
como qualquer outra e não o menú principal de algum predador.
Eu sei
que a gente é carne e perece. Só que a maioria esquece e se aquece com muito
pouco. A gente dá valor demais ao que é fresco. A gente inventa maneiras mil de
cozinhar. Há sempre um jeito novo de assar ou fritar. Um ângulo novo para se
sexualizar. Um canto do corpo à amostra que é tentação.