Tudo
que eu quero é gritar, vomitar, te botar pra fora daqui! Seja lá o que o “aqui”
signifique. Eu não quero ter que explicar. Falar sobre o assunto é cansativo
porque isso implica em pensar a respeito. E sabe, não houve um dia sequer que
eu não tenha pensado.
Até
poderia fazer o que queres e arrancar-te um sorriso. Tua felicidade ainda acalma
meu coração, meu bem. Mas tenho muito de mim pra saciar, agora... Teus desejos
são vãos e eu tenho que conviver comigo por uma eternidade. Agora eu quero a
minha vida de volta! Quero a paz e o desassossego que você me tirou.
Sim,
desassossego. Eu nunca estive quieta, querido. Eu nasci no movimento e nele
perecerei. Mas a minha ansiedade antes parecia tão sã. Tão quieta em si! Morri
tantas vezes que sempre me perco ao contar, mas com você, me superei. Foi a
morte mais curta e mitigante. Paradoxal né?! É, as coisas nunca fizeram muito
sentido mesmo. E não precisavam fazer... bastava sentir. E sentir é a ponta do iceberg, porque já não tá cabendo aqui.
Eu
falei antes, eu tava entalada. Agora você tá pra sair e você vai! Ainda não sei como... mas quem se importa?! Quando eu o
fizer, você nem vai saber. E se souber, melhor não procurar satisfações. Tendo
a ser cruel nessas situações... você sabe, não faço força em vão.
Pois
então tenha a delicadeza de ir, sem que eu precise enfiar os dedos guela abaixo
pra te tirar daqui. Depois: será o vazio, a fome e eu. E que o mundo ature nós
três!
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