Toda criança que se
preze, decide logo cedo do que ela gosta e do que ela tem medo. Algumas coisas
me assustavam, outras me faziam rir, mas eu só decidi que tinha medo de algo
quando refleti e percebi que eu jamais sobreviveria àquela situação. Um pouco extremo,
é verdade, mas quem sou eu sem o drama? Costumo ser intensa nas minhas
decisões e sentidos, e só por isso estou distante e ao mesmo tempo tão
integrada ao humano.
Então, um dia
conclui que a solidão era meu fim. Mas o amadurecimento me ensinou que essa
palavra era o durante, estando eu
agora na vírgula, ando rodeada mas ao
mesmo tempo completamente sozinha. Apesar da ideia de continuidade, estou presa
às mesmas questões. E tudo porque quando encontramos um bom referencial,
dificilmente queremos voltar a miséria.
Quero as mesmas
coisas, porque já as tive e não suporto o fato de tê-las perdido. É bem verdade
que também quero o que ainda não possuí e talvez seja o que mais me motive e
torne o desconhecido ainda mais atraente. A tentação de provar algo que você só
pôde imaginar... a vida toda. Quero tudo isso e ninguém é capaz
de entender o quanto. E não é esse o único motivo pelo qual às vezes, eu mesma
opte por andar só.
Ando assim porque a
melhor companhia que tive virou as costas pra mim e porque quem me encara, só
me analisa, não me abraça. Me pergunto se meus desejos são escorregadios porque
não tenho a capacidade de agarrá-los, ou pior, mantê-los em minha mão. Mas nesse mesmo minuto reparo, que todos
seguram o que não conhecem, largam cedo, e ainda assim continuam nesse jogo de
sentimentos solúveis. Não que eu queira dissolver, mas eu deveria ter a
oportunidade de ter algo nas mãos ao menos uma vez.
Talvez eu queira
demais por muito tempo e só quando eu aprender a aceitar o fim, eu consiga ter
algo de fato. Estranho ter que começar pelo final, mas que jeito, se me roubam
o início... É difícil quando a razão vai embora, meu peito embala e eu não
posso fazer nada. Então tenho que sonhar com o dia em que tudo vai virar e
voltar a ter algum sentido.