É que de repente eu
descobri mais um pouco de mim: que minha razão e a minha emoção não só brigam
entre si como também são duas partes muito minhas. Minhas percepções emotivas
parecem andar em uma sintonia distinta da minha lógica, mas há um certo ponto em
que elas se encontram, uma linha em que se cruzam. Uma linha tão tênue que às
vezes, eu mesma demoro para notá-la.
É que eu gasto
tanto do meu autocontrole para não deixar que notem meus rompantes de menina,
que é estranho encontrar lógica na impulsividade. Mas é justamente quando me
impulsiono em prol de algo que eu estou liberando meu inconsciente, declarando
coisas que a minha alma notou mas que o palpável silenciou.
E é só no silêncio
que eu entendo que certas reações não deveriam ser podadas. A parte mais
incontrolável de mim, que grita e quer sair, também me protege. Surpresa minha
agora, tirar essa parte da condição de vilã ( que tantas vezes me fez de vítima
) para um protecionismo meio torto.
Houve dias em que
gastei muito do meu tempo, decifrando o ilógico, criando planos infalíveis pra
decodificar o que ficou bem mais claro em simples impulsos. Hoje pareceu muito
mais fácil pensar que talvez o meu cérebro e as minhas emoções fizeram as pazes,
selando um acordo que um jamais seria feliz sem o outro. Pra quê separar o que
a minha espiritualidade trouxe fundido no meu corpo?
Eu sou mesmo essa mistura. Eu sou ciência, eu sou coração e quero mesmo ter controle disso tudo. Gosto de observar o mundo e a sua falta de jeito e gosto mais ainda de ver quando tudo se acerta. Gosto de acertar e participar da queda, só para um dia ver tudo levantar. É a vida : ela anda, gira, decola, cai e termina do jeitinho que deveria terminar.