Ás vezes o corpo
parece minimamente limitado, por aprisionar em suas comedidas extensões tantas
vontades. Sinto muito, mas muito além do que meu corpo suporta. Mas tanto, que
às vezes descarrego injustamente e falo da boca pra fora.
Falo muito também, falo
tudo, falo o que penso e o que temo. Pois vejo muito e parece desperdício ver e
guardar... Ah, são tantas palavras, que os meus limites físicos, transbordam e
logo desembocam num descontrole elementar.Elementar é a liberdade, é livrar-se das amarras do mundo. É ser por ser, sem dever, nem esconder que o que há no mar, não é só mistério.
Misterioso é o criador de tudo: diversas formas, falante ou mudo, nos fez pequenos e em nós pôs um pouco de tudo. Tudo, que por tão extremo, não cabe em mim, não cabe em si e assim transforma meu corpo em copo. Frágil e velado, transparente e gelado enquanto produto. Apenas mais um copo na prateleira, com os mesmos métodos de fabricação de qualquer outro, mas que por um acaso se arriscou a ser bem mais que um copo. Agir como deveria ser um corpo.
Estranho é mesmo
perceber, que o humano logo se confunde com objeto. Pois suas características
se perdem no tempo, se perdem com todos, que copiam e como copos deixam-se
comprar. Compra-se o sorriso, compra-se o amor, vende-se a liberdade até que se
cansa. Porque lutar como mar se fomos
feitos para aprisionar nossa própria medida de água?
Cansei disso, dessa
corrida pela imensidão que sinto. Pois meu corpo sim, é vivo e o meu mar agora
escolhe suas batalhas. Afinal amar é
muito pra terminar em copo. E competir é mesquinho diante da imensidão
oceânica. Eu quero é mar, é ir a qualquer lugar, não-mar um rio tão livre como eu, cruzar nossas correntes no cabo
da boa esperança. Turbulentamente em
bolhas do sentimento que eu sempre fui , esperando
alianças.
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