Não é só o inverno
que passa. Passa-se, a primavera, o verão e então, as folhas caem. Uma queda
silenciosa e sem igual, com pura calmaria, com a brisa, monotonia e desolação.
A pintura natural é linda, mas o silêncio esconde segredos. O estático é a
ausência do movimento. É a ausência do que me
movimenta.
Um vendaval passou,
bagunçou o que eu tinha como certo e me fez querer seguir num redemoinho de
magia. Loucura minha, achar razão na inexatidão dos seus atos. Sem sentido, sem
explicação o seu modo de pensar ou agir sem pensar. Mas tanto faz, porque tua
turbulência já não me afeta. Não me causa rancor ou dor. Me dá preguiça, me
cansa, me deixa blazé.
Árvores maduras se acostumam com o Outono. A nossas reservas às vezes caem e senti-las espatifar no chão sempre, é desperdício. Conformamo-nos com a lei da vida, a mesma que nos leva, a mesma que nos traz e que nos energiza nesse ciclo infinito.
Mas algo ainda me intriga: a sua vinda é só passagem, é peça importante, personagem integrante ou protagonista desse tronco que aqui se mostra? Nutra-me de respostas, seiva misteriosa. Alimenta-me com tua compatibilidade, usa tua inteligência e não infantilidade e me mostra duma vez a tua verdade.
Verdade, que muito mais florida eu estaria, se a minha irmã de raiz ao meu lado estivesse. A minha dama de preto, minha protegida. Em tributo te resgato em memórias, nunca te deixo, nunca te busco, mas de ti pra sempre cuido há milhas de distância. Na terra seca e abandonada, espero tua umidade adorada, que também julgo cercar-me de zelos.